ABRAHAM SHAPIRO

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O guardião do relógio quebrado

Da Redação

| Edição de 29 de dezembro de 2025 | Atualizado em 29 de dezembro de 2025

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Numa aldeia onde o tempo parecia nunca passar, havia uma torre com um enorme relógio parado, os ponteiros imóveis apontavam para 14h23, havia mais de cem anos.

Os mais velhos diziam que, enquanto o relógio estivesse quebrado, ninguém ali mudaria de vida. A aldeia vivia num eterno “quase”: quase cresciam, quase saíam, quase começavam algo novo. Sempre esperando algo acontecer primeiro.

Na base da torre vivia um homem solitário, conhecido como o Guardião do Relógio Quebrado. Ninguém sabia seu nome, apenas que, todos os dias, ele subia os degraus até o topo e mexia no mecanismo, sem sucesso, sempre sozinho.

Certo dia, um jovem cansado da mesmice, das promessas adiadas, da sensação de estar sempre parado  subiu até o topo.

— “Por que insiste? Esse relógio nunca mais vai funcionar.”

O velho olhou com calma e respondeu: — “Eu não tento consertar o relógio. Eu me recuso a aceitar que o tempo parou. Se você sobe, já está andando. Se insiste, já está vencendo.”

O jovem desceu em silêncio. No dia seguinte, voltou com ferramentas. Depois, outros vieram. Ninguém sabia exatamente o que faziam. Mas, um dia, o impossível aconteceu: os ponteiros se moveram. 14h24.

Moral da história. Esperar que o tempo mude para agir é como esperar que um relógio quebrado funcione sozinho. Às vezes, o que destrava o tempo é a sua insistência. Quem se move, reativa o mundo.