ABRAHAM SHAPIRO

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O medo de ir além

Da Redação

| Edição de 26 de maio de 2025 | Atualizado em 26 de maio de 2025

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Em trinta anos de consultoria, eu ainda me deparo com gente que, diante de qualquer novidade, age como os navegadores medievais: temem seguir adiante porque acreditam que irão cair da borda da Terra: direto na boca de monstros. E olha que naquela época nem existia Wi-Fi.

Os monstros mudaram de forma, mas continuam rondando. Hoje, eles atendem por nomes como Inteligência Artificial, e-commerce, cliente hiperexigente, mudanças no jeito de vender, liderar, aprender, pensar. E o medo também permanece o mesmo: “E se eu me perder? E se der errado?”

Curiosamente, não é o erro que mais apavora. É o desconhecido. É a dor de se ver incompetente num terreno novo. Tem gente que prefere uma rotina medíocre e previsível a experimentar algo diferente e, quem sabe, mais eficaz.

Nas empresas, isso vira um vírus. Toda proposta nova ativa o alarme mental de alguém que diz: “Melhor não mexer com isso agora.” Ou seja: melhor continuar apagando incêndio com gasolina do que parar, pensar e mudar.

Só que o mundo já não se guia por bússola e astrolábio. Ele muda em tempo real. Esperar por “mais segurança” ou “o momento ideal” é o jeito mais seguro de perder o bonde. E depois ainda fazem cara de ofendidos: “Ninguém me avisou!”

Avançar não garante sucesso. Mas ficar parado garante irrelevância, atraso, perda de mercado... e um currículo decorado com frases do tipo: “sempre fiz assim.”

E sabe o mais irônico? Até os monstros das bordas da Terra se reinventaram. Estão fazendo MBA, viraram “mentores de mudança”. E você? Vai continuar tremendo diante do vento? Ou vai, enfim, ajustar as velas?