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Aos poucos vamos morrendo

Da Redação

| Edição de 13 de abril de 2023 | Atualizado em 13 de abril de 2023

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Não caro leitor e leitora, esse texto não é uma reflexão existencialista filosófica, na busca de um sentido para a vida, ainda que Sartre possa aparecer em algum momento, já que a angústia sartreana explique muito do que proponho aqui. 

Na semana passada, escrevi um texto pensando sobre o caso da professora assassinada e hoje, infelizmente, sou tomado pelo tema novamente, só que agora com pequenas crianças. Principalmente como pai, mas também como professor, fui fortemente tocado pela notícia do atentado em Blumenau/SC, onde um homem (se é que podemos assim classifica-lo) atacou brutalmente crianças e bebês com uma frieza que nem mesmo os piores filmes de terror poderiam apresentar. Acontece, que infelizmente essas notícias tem se tornado cada vez mais comuns e, com elas, o desespero que nos toma conta. O sentimento de insegurança domina, a apreensão pelo caminhos que estamos tomando enquanto sociedade e sobre o futuro que terão os meus e os nossos filhos. 

Não tenho a intenção de indicar análises políticas sobre a violência, ainda que elas sejam necessárias, mas elas nos afastaria de nosso objeto, uma vez que ela cega aos que se dedicam a ela. O fato é que estamos vivendo um estado de violência constante, onde pessoas se orgulham de ser violentas e estúpidas, colocando à força suas vontades. Podemos culpar jogos de videogame, filmes e até mesmo a política, mas o que ocorre que estamos em uma tensão constante e nossos filhos são testemunhas desses momentos. 

Devemos estar atentos a tudo e pedir por mais segurança pública, mas ela é ainda insuficiente, o que não quer dizer armar toda um população, já que precisamos primeiro entender as razões dessas ações criminosas. Somos (estamos) uma sociedade doente. A cura não virá da simples amputação de seus membros, mas compreender de onde ela tem surgido. O amor fraternal é a chave, mas não se engane achando que digo devolver amor aos que cometem atrocidades, pois a eles o peso da lei deveria recair com rigores que ainda hoje são ineficientes para impedir novos incidentes. Como pai, sinto um dor imensa pela perda dos pequenos e jamais poderia fazer um discurso de reabilitação de um homem que consegue fazer o que aquele fez. 

Penso, que a primeira coisa que devemos fazer em momentos como esse, é acabar com aquilo que desejam: a publicidade. Podemos e devemos falar sobre o fato para alertar a todos, entretanto, “dar palco” a esse assassino, mostrando sua foto e falando seu nome, é dar a ele o que queria. Além de servir de “exemplo” para outros que buscam tal mídia. O sensacionalismo não ajuda em nada, pelo contrário, acentua a dor de todos os envolvidos. 

Precisamos estar atentos e proteger nossos filhos, mas precisamos também entender que a nossa violência do dia-a-dia, acostumada a ver o absurdo como cotidiano diminuiu nossa sensibilidade, onde a notícia passa a ser explorada até a exaustão, com entrevistas de pessoas que precisam publicizar suas dores, enquanto telejornais lucram com a audiência. 

Que Deus nos proteja e que sejamos luz por onde formos. A violência está presente no trânsito, no esporte e nas casas, que ele não se torne “normal”. Depois de todo incidente como esse, aparecem os diagnósticos de doenças mentais (que de fato existem) que buscam justificar o injustificável, que não sejamos os que a alimentam e promovem. Que o peso da lei recaia sobre os assassinos e se ela for insuficiente, há Alguém muito mais atento que, com certeza, não falha.