"Até na velhice darão frutos” (Sl 91, 15). Nossa história de vida tem um passado que nos norteia, um presente em construção e terá, no futuro, um legado aos nossos descendentes. A edificação da vida humana se dá através dos aprendizados passados de geração em geração. Um legado histórico que tem raízes profundas em nossos antepassados e que ficará para as gerações futuras como ensinamentos e exemplos.
Ninguém nasce ao acaso, muito menos, existimos em tempos errados, pois em Deus não há erros nem acasos. Se pertencemos a este tempo, é porque somos necessários no agora, na família em que vivemos e no mundo de hoje! Faz-se necessário perceber que a vida não se esgota no tempo presente. Nosso caminhar se desenrola e nos leva ao futuro. Um dia, se Deus assim permitir, viveremos o futuro colhendo o que construímos no presente.
Dessa forma, os idosos, sejam nossos parentes ou não, carregam em si um valor imensurável de experiências que nos ensinam e permeiam nosso agora e nosso futuro. Não podemos descartar ou deixar ao abandono os que nos precederam e lutaram, muitas vezes de forma precária e silenciosa, para que hoje pudéssemos usufruir de valores incontestáveis e inegociáveis.
Há, em cada idoso, um exemplo de esperança e de fé que faz deles todos, uma referência para nossa vida. E, a virtude da ‘esperança que não decepciona’ faz deles todos um presente para cada um de nós. Os idosos de hoje são frutos da esperança que se renova e ensina que o amanhã sempre pode ser diferente e melhor quando construímos um alicerce que tenha como base o amor e o temor a Deus.
Celebrar o Jubileu dos Idosos é redescobrir que a esperança é uma fonte de alegria, não importando a idade ou o tempo. E, ‘quando a vida é provada pelo fogo de uma longa existência, o idoso torna-se fonte de bem-aventurança’, como nos ensina o Papa Leão XIV. Bem-aventurança visível são os avós que assumem a responsabilidade de cuidar e criar os filhos de seus filhos, os preciosos netos a quem se dedicam inteiramente.
Bem-aventurados os idosos que transmitem a fé às novas gerações e, com mais tempo livre, se dedicam à oração constante pelas famílias. Bem-aventurados os idosos que se entregam aos serviços pastorais e voluntários no cuidado com a evangelização: são verdadeiros missionários da esperança, num mundo em que tudo parece perder-se no emaranhado corre-corre cotidiano. Peregrinos de esperança, os idosos fazem acontecer a transmissão da vida, nos provando que há tempo para plantar e para colher.
Cuidemos daqueles que nos precederam, valorizemos com abraços e carinho, com perdão e gratidão dando a eles a atenção e o valor que eles merecem. “Portando, se é verdade que a fragilidade dos idosos precisa do vigor dos jovens, é igualmente verdade que a inexperiência dos jovens precisa do testemunho dos idosos para projetar o futuro com sabedoria.
Quantas vezes nossos avós foram para nós um exemplo de fé e devoção, de virtudes cívicas, de memória e perseverança nas provações! Nossa gratidão e coerência nunca serão suficientes para agradecer esse bonito legado que nos foi deixado com tanto amor e esperança.”(Papa Leão XIV, mensagem do Jubileu dos Idosos, 2025)