Perdoai-vos mutuamente. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós!”
Nossas orações cotidianas certamente incluem, ou deveriam incluir, ao menos um Pai-Nosso! Caso não seja assim, precisamos começar. A oração é nosso diálogo com o Pai, é um momento de intimidade que deve ser vivenciado diariamente e quiçá, muitas vezes, não apenas uma vez ou outra ao dia. Porém, a oração, seja de súplica ou de ação de graças, não deve ser apenas uma recitação decorada, palavras repetidas sem interiorização.
A verdadeira oração é aquela em que nos dispomos a ficar na presença do Senhor que está sempre presente em nós! É tirar um tempo do nosso tempo corrido, parar e falar com Deus, e ouvi-Lo, no silêncio do coração com a mente voltada apenas para Ele. Facilmente nos distraímos e acabamos apenas repetindo palavras ao invés de ‘rezar as palavras’. Fixando nossa atenção na oração do Pai-Nosso, chegamos ao ponto em que pedimos perdão: “perdoai-nos as nossas ofensas”, reconhecendo que somos pecadores.
Entretanto, esse pedido de perdão vem acompanhado de uma condição que, por vezes, nos passa despercebida de tão automático que rezamos. Dizemos ‘perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos têm ofendido’.
Pedimos perdão já comprometidos a perdoar o próximo: perdoai-nos como nós perdoamos. Estejamos atentos ao compromisso que assumimos com Deus de, a cada Pai-Nosso rezado, perdoarmos para sermos perdoados. Isso nos remete aos Mandamentos do Senhor: devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Por amor somos perdoados pelo Pai e, inundados desse Amor, devemos perdoar como Ele! Se nos é difícil reconhecer nossos pecados e pedir perdão, e ainda ter que perdoar a quem nos magoa, recorramos à Graça do Alto, peçamos ao Espírito Santo que nos auxilie com o dom da humildade, que nos faça descer do nosso orgulho e altivez, para agirmos conforme rezamos no Pai-Nosso.
Deus nunca disse que seria fácil segui-Lo e cumprir seus designíos, mas prometeu não nos deixar sozinhos. Devemos pedir ao Pai que nos conceda a graça de termos um coração “perdoador”. Isso exige de nós primeiramente a disposição real e sincera de querer perdoar não apenas para ser perdoado, mas porque é necessário tirar de dentro de nós a mágoa, o rancor, a raiva e tudo o que, antes de ferir o outro, fere a nós mesmos. Sofre mais quem não perdoa do que quem não é perdoado! Quando não conseguimos perdoar, nos fechamos ao amor fraterno e sincero. Como seríamos se Deus não nos perdoasse? Perdoar é um gesto de amor! “Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento” (Ef 4,26). Perdoemos hoje, amanhã não sabemos se teremos vida para fazê-lo. Nossa Senhora de Lourdes, Mãe compassiva e clemente, auxiliai-nos a perdoar!