Irmãos, finda-se o período quaresmal, dando início ao principal tempo litúrgico de nossa amada Igreja que, conduzida desde seu princípio pelo Espírito Santo, ano após ano nos permite reviver os mesmos fatos e acontecimentos da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Liturgia da Semana Santa nos conduz ao amadurecimento da fé e a tomada de consciência de que nada somos se não crermos e adorarmos a Deus e a Ele nos entregarmos por inteiro, colocando tudo o que somos em suas Mãos. E esse tudo que pensamos que somos, não o somos por nós mesmos. Se temos algo de bom, é Graça do Pai derramada como dom sobre nosso caminhar e nossa, para que nos voltemos para Ele, de onde viemos. Já, o que não é bom em nós, é fruto de nossas más escolhas e da nossa indiferença aos Mandamentos por Ele ensinados. O que é bom, já pertence a Deus, o que não é, somente se transformará em algo bom se nos voltarmos de todo coração para Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida, Jesus Cristo único e verdadeiro Redentor.
Caminhando lado a lado da humanidade, Deus, sabedor e conhecedor das fraquezas humanas, sabe que é necessário intervir na história para que o homem não se perca e permaneça eternamente nas trevas e na escuridão, apartado eternamente de sua Glória. Toda a História da Salvação humana se fundamenta no grande Mistério Pascal: a Paixão, a Morte, a Ressurreição e a Ascensão de Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus. A centralidade da fé cristã está neste Mistério de Amor, doação e libertação que deveria fazer pulsar de amor e gratidão o nosso miserável e pequeno coração, tão pecador e desobediente. A Semana Santa é, portanto, o tempo em que o ministério público de Jesus chega ao ápice, com seu sofrimento, crucificação, morte e ressurreição.
Não permitamos que o mundo descrente nos convença de que tudo não passou de uma ilusão ou apenas uma história. Se verdadeiramente percorrermos o caminho do Mistério Pascal, do Domingo de Ramos ao Domingo da Ressurreição, com Cristo e com a Igreja, entenderemos que estes foram os dias mais sofridos de Jesus na terra. No Domingo de Ramos, Jesus é aclamado Rei por uma multidão com ramos e folhas verdes nas mãos ao entrar em Jerusalém, não por Ele ser quem É, mas por causa da ressurreição de Lazaro. Pensemos: quantas vezes, aclamamos Jesus como o Nosso Senhor, não pela fé, mas apenas por interesse pessoal e, logo, indiferentes, nos afastamos Dele. Peçamos perdão por isso. Na Segunda, Terça e Quarta-feira, a Liturgia narra os acontecimentos que antecedem a prisão de Jesus, seus ensinamentos e conselhos.
Somos questionados a pensar em nossas ações diante das propostas de Cristo. Temos uma fé firme, somos zelosos e fiéis ou negociamos nossa crença, duvidamos dos feitos de Jesus, nos calamos diante daqueles que O negam, traindo o nosso compromisso de defender a fé, custe o que custar? Quantas vezes nos calamos diante daqueles que ofendem a Igreja, denigrem Jesus e desmerecem os sacerdotes, bispos e até o Papa? Na Quinta-feira Santa tem início o Tríduo Pascal, uma grande celebração que terá seu final na Vigília, no Sábado Santo. A riqueza litúrgica da Quinta-feira Santa nos coloca diante dos olhos e do coração o Cristo que, por amor a nós, mesmo sabendo que seria morto por nossos pecados, deseja ardentemente nos salvar da escuridão eterna e permanecer conosco até o fim! Jesus, naquela longínqua Quinta-feira Santa celebrou a primeira missa da história. Reuniu-se com aqueles que escolhera e lhes lava os pés, banhando-os na sua misericórdia e perdão; diante deles, Jesus realiza o milagre e o mistério da transubstanciação do pão e do vinho, e os ordena como os primeiros sacerdotes da história da Igreja, ao pedir que façam o mesmo, dali em diante, em Sua Memória. Naquela ceia nascem os sacramentos…