O historiador carioca Luiz Simas tem uma frase certeira sobre o carnaval no Brasil: “o Brasil não inventou o carnaval, mas o carnaval inventou o Brasil”. Concordo com Simas em gênero, número e grau. A festa do Rei Momo deu mais do que uma identidade para nosso país, deu uma alma. O que nos faz diferentes de qualquer outra nação está no carnaval. O drible no futebol, a originalidade na música, a habilidade em resolver problemas com poucos recursos e a capacidade de ser feliz e manter as esperanças mesmo na escassez e na adversidade, essas características e muitas outras estão como que condensadas no carnaval. O carnaval é o segredo do brasileiro. Porém, segredo aberto e gratuito. Basta ir brincar nas ruas, dançando e cantando com conhecidos e desconhecidos, para descobrir o que muitos brasileiros já sabem: no carnaval, as hierarquias sociais são suspensas e todos se equivalem em uma festa sem fronteiras e preconceitos. Na verdade, o próprio Brasil pós-carnaval deveria se inspirar no Brasil carnavalesco.
Enganam-se os que acham que carnaval é só bagunça, excesso e desperdício. Além de patrimônio cultural, a festa tem um enorme potencial econômico. O Ministério do Turismo estima que, nesse ano, o carnaval vai girar em torno de 15 bilhões de reais, gerar mais de 1 milhão de trabalhos temporários, diretos e indiretos, e atrair mais de 100 mil estrangeiros para o país. De artistas a vendedores ambulantes, de montadores de palco a costureiras, de empresas de aviação a de cosméticos, de hotéis a motoristas por aplicativos, todos os setores e profissões são mobilizados no carnaval. O que permite cravar: o carnaval é um dos nossos maiores ativos cultural, social e econômico também. Mesmo que você não goste ou não festeje o carnaval, pode ter certeza: você ganha com ele.
Carnaval é gostoso demais!
Leonardo Campoy