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GUILHERME BOMBA: O que as pessoas escondem e ninguém quer saber?

Da Redação

| Edição de 28 de julho de 2022 | Atualizado em 28 de julho de 2022

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Essa semana uma postagem feita por minha esposa Thays Diniz (e olha que nem é propaganda) mexeu muito comigo. Na postagem ela dava algumas dicas do que dizer a uma pessoa ansiosa, o que me fez pensar em detalhe, afinal, como sabemos quem é ou não ansioso?

Pois bem, depois de refletir um pouco, percebi que nunca encontraria critérios para avaliar alguém como ansioso, já que isto está muito além de minhas capacidades técnicas e, mesmo os preparados, só dão diagnósticos quando realizam um árduo trabalho de análise. Mas se não sei quem é ansioso, como vou diferenciar? A resposta é simples: não vou.  

Pensei em todas as vezes que fui tratado como gostaria e, o contrário também me veio a memória. Respeitar o limite das pessoas não é colocá-las como inferiores ou diferentes, mas pessoas independentes que precisam ser vistas e ouvidas. Na postagem, ela abordava, com toda a bagagem técnica que possui, frases a serem ditas por pessoas que convivem com pessoas diagnosticadas (ou não) e podem mudar o dia de qualquer pessoa. 

Me lembrei dos inúmeros alunos que passaram pelas minhas aulas, uns mais tímidos e outros muito desinibidos. Sabe o que é curioso? Nem sempre o ansioso ou com quadro depressivo era o calado e – aparentemente – triste. Muitas pessoas “felizes” estão destruídas por dentro, seja pelo momento ou pela própria história. Quantas vezes não conversei com alguém que sorria o tempo todo e, de repente, tudo dava lugar a lágrimas? As pessoas estão perdidas, mas ainda há tempo de fazer diferente. 

Tratar as pessoas com o respeito que gostaríamos de ser tratados é uma premissa bíblica. E olha que de lá para cá as coisas parecem ter piorado e muito. As redes sociais tornaram a felicidade uma máscara, um filtro do Instagram, que usado corretamente passa a falsa ilusão de que todos estão bem e, nós simples mortais do mundo real atrás das telas, podemos ficar ainda piores. 

A essência do indivíduo se perde em meio ao desejo de se mostrar feliz, por isso fica cada vez mais difícil perceber quem não está bem. Pais... olhem seus filhos com cuidado, muito além de seus status. O pedido de socorro nem sempre é de uma foto com lágrimas, mas de um sorriso forçado. 

A pior parte da depressão é que ela não passa despercebida por quem a tem, mas a incapacidade de fazer qualquer coisa para superá-la. Fomos criados para sermos fortes o tempo todo e temos medo de assumir que somos frágeis. Se isso vale para nós adultos, imagine para um adolescente que cresceu ouvindo para “engolir o choro”. Não adianta engolir, pois ele volta com o engasgo que não te deixa respirar e aí pode ser tarde demais. 

Lembre que não é necessário ter motivos – daqueles que imaginamos comumente – para um quadro de ansiedade ou depressão e, talvez isso seja o que dói mais: se sentir triste “sem ter motivos”. Respeite a fraqueza do outro, pois nunca se sabe qual será a nossa. 

Ninguém esconde tudo o tempo todo, mas será estamos realmente interessados em saber o que o outro sente?