ROGÉRIO RIBEIRO

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Futuro promissor ou estagnado?

Da Redação

| Edição de 17 de setembro de 2024 | Atualizado em 17 de setembro de 2024

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A produtividade do trabalho é um indicador central para o desenvolvimento econômico. No Vale do Ivaí, os números revelados pela taxa de crescimento anual da produtividade do trabalho, considerando dados de 2010 a 2021 acendem um sinal de alerta nos municípios. Com uma taxa média nacional em torno de 1% ao ano, conforme dados da RAIS e do IBGE, e comparando com o desempenho de outros países, como os Estados Unidos (1,5% ao ano), a China (4% a.a.) e a Índia (5% a.a.), a situação regional mostra-se ainda mais preocupante.

De acordo com os dados apresentados, apenas São Pedro do Ivaí, com uma taxa de 0,75% a.a., e Rio Branco do Ivaí, com 0,72% a.a., apresentam números um pouco mais animadores, ainda que distantes do crescimento registrado por países asiáticos, que são referência em produtividade. Abaixo deles, municípios como Lunardelli (0,44% a.a.) e Kaloré (0,34% a.a.) ficam ainda mais distantes do ideal. Em contrapartida, municípios como Novo Itacolomi (0,01% a.a.) e Jandaia do Sul (0,07% a.a.) têm índices alarmantemente baixos, o que coloca em evidência a fragilidade da economia local e a ausência de políticas públicas eficientes.

Diante dessa realidade, a pergunta que precisa ser feita é: o que os gestores públicos municipais estão fazendo para reverter esse cenário? A criação e implementação de políticas públicas voltadas para o aumento da produtividade são essenciais para garantir a competitividade regional e a melhoria da qualidade de vida da população. É notório que os municípios do Vale do Ivaí, em sua maioria, ainda carecem de políticas estruturadas para apoiar setores como a agricultura, a indústria e o comércio e serviços. Não há dúvidas de que, sem um apoio consistente aos produtores rurais e às indústrias locais, a economia regional poderá estagnar.

A agricultura, que é um dos principais motores econômicos da região, precisa de suporte, assim como o setor industrial requer incentivos para inovação, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Quanto ao comércio e serviços, a ampliação de capacitações e a melhoria da infraestrutura são medidas que podem trazer um impacto imediato. Todos esses setores, somados, têm potencial para aumentar significativamente os índices de produtividade, gerando mais empregos, renda e desenvolvimento para os municípios.

Outro ponto a ser destacado é a qualidade dos serviços educacionais. A educação é a base de qualquer desenvolvimento sustentável, e o descaso com esse setor reflete-se, inevitavelmente, na baixa produtividade do trabalho. É preciso que os gestores municipais voltem seus olhos para a criação de um ambiente educacional de qualidade, que prepare os jovens para o mercado de trabalho e para serem mais produtivos em suas futuras ocupações. A ampliação das oportunidades de ensino, aliada à melhoria das condições estruturais e pedagógicas das escolas, são fatores indispensáveis para o crescimento econômico. Se não investirmos no aprendizado dos jovens hoje, amanhã estaremos condenados a repetir os erros do passado e perpetuar as baixas taxas de crescimento da produtividade.

Os números não mentem. A baixa produtividade do trabalho no Vale do Ivaí é reflexo direto da inércia das políticas públicas municipais. Há a necessidade de se repensar as estratégias de desenvolvimento local, com um olhar atento para a agricultura, indústria, comércio e serviços e, sobretudo, para a educação. Como bem disse o escritor francês Voltaire: “O trabalho afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade”.