Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Essa frase é frequentemente atribuída a Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista e um dos principais articuladores da máquina de manipulação de Hitler. Ela sintetiza a estratégia de distorção da informação empregada pelo regime nazista para influenciar a opinião pública e consolidar seu poder. A mesma lógica pode ser observada nas atuais ondas de desinformação, cujo objetivo é propagar as chamadas “fake news”.
Nem sempre é fácil identificar a origem das falsas narrativas, mas elas existem e, com as redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, a propagação dessas mentiras passou a ocorrer rapidamente. Um exemplo recente que pode ser destacado é a desinformação em torno da ação da Receita Federal relacionada ao monitoramento do PIX para identificar e analisar transações superiores a R$ 5 mil.
A narrativa construída sugeria que essa modalidade de pagamento seria taxada e que haveria uma invasão de privacidade. Trata-se de uma grande onda de desinformação com objetivos incertos. Se as pessoas refletirem um pouco, perceberão que não há qualquer invasão de privacidade, uma vez que a Receita Federal já tem acesso às informações financeiras de pessoas e empresas por meio de dados autodeclarados através das declarações de rendimentos.
Não obstante à nossa entrega regular de informações, a Receita Federal também tem acesso a todas as transações vinculadas aos CPFs das pessoas e aos CNPJs das empresas. No entanto, as narrativas construídas em bastidores obscuros ganharam força e foram amplificadas por figuras públicas que, até pouco tempo atrás, poderiam ser consideradas inteligentes e esclarecidas.
Poucos parecem ter refletido sobre o fato de que é função da Receita Federal fiscalizar pessoas e empresas e que trabalhadores assalariados e empresários honestos declaram seus rendimentos e pagam os impostos devidos. Esses contribuintes não têm como “escapar” do fisco. Já aqueles que conseguem omitir renda por meio de transações financeiras disfarçadas deixam de pagar os tributos devidos e, consequentemente, não contribuem para o financiamento da saúde, da educação e da segurança pública.
Também não se leva em consideração que algumas pessoas que não declaram seus rendimentos, além de não contribuírem para o financiamento das políticas públicas, podem estar movimentando recursos provenientes do crime organizado. Em outras palavras, pode-se dizer que aqueles que sonegam informações e impostos acabam, direta ou indiretamente, financiando a insegurança pública.
E temos exemplos dessas práticas quase diariamente. Recebemos diversos vídeos por meio de aplicativos de mensagens, cujo objetivo é propagar desinformação — e eles são facilmente identificáveis. Sempre que uma mensagem começar com um apelo para que seja compartilhada rapidamente, desconfie. Reflita sobre a informação. Analise se ela faz sentido. Com essas práticas simples, podemos minimizar os impactos das chamadas “fake news”.
Essas práticas não se restringem a eventos e notícias de âmbito nacional. Também ocorrem nos municípios. Pessoas mal-intencionadas “plantam” narrativas falsas para disseminar desinformação e criar um caos inexistente. A receita para combater essas práticas é simples: agir com honestidade e buscar ler e compreender todos os eventos antes de aceitá-los como verdade. Assim, podemos construir um ambiente mais harmonioso, com menos mentiras sendo propagadas. Afinal, quem as criam não buscam benefícios coletivos. Só querem criar o caos.