Tem certas inovações que não gritam por atenção. Elas simplesmente surgem, ocupam espaço na rotina e nos fazem perguntar: “Como ninguém pensou nisso antes?” Foi exatamente essa a sensação que tive ao ler uma reportagem na edição de março da revista Superinteressante. O assunto? Um guarda-sol que, além de proteger do sol, gera energia solar para carregar celulares, alimentar coolers elétricos e manter a conectividade à beira-mar.
A ideia, por si só, já provoca reflexão sobre como a inovação em produto pode (e deve) ir além da estética ou da simples melhoria incremental. Neste caso, trata-se de um objeto tradicional, com décadas de existência, que foi reinterpretado a partir de três elementos centrais da inovação contemporânea: funcionalidade ampliada, sustentabilidade e integração tecnológica.
O segredo é um sistema de captação solar com células de perovskita, um composto que vem sendo apontado como o sucessor do silício no universo da energia solar. Mais eficiente, mais leve e com melhor desempenho em ambientes com luz difusa, esse material permite que o produto funcione mesmo em condições não ideais, algo essencial para o uso ao ar livre.
Mas o que isso tem a ver com inovação em produto, de forma geral? Tudo. Inovar não é apenas lançar o “mais novo modelo”, mas repensar o propósito do objeto. É responder a novas necessidades (ou antecipá-las), usar materiais e tecnologias emergentes e, principalmente, colocar o usuário no centro do projeto.
Este guarda-sol, por exemplo, incorpora entradas USB-C, proteção contra água e poeira, autonomia energética e até mobilidade térmica. Em resumo: ele deixou de ser apenas um objeto de sombra para se tornar um hub de serviços portáteis. E o mais interessante é que isso foi feito sem mudar a essência do que ele é.
No fundo, inovação em produto é isso. Não se trata de inventar do zero, mas de reimaginar o que já existe com novas lentes. E se até o guarda-sol, símbolo do descanso e da simplicidade, pode se tornar inteligente e multifuncional, fica a provocação: o que mais, no nosso cotidiano, está esperando uma boa ideia para se reinventar?