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Exportações de alimentos caem em agosto por causa de tarifaço dos EUA

(via Agência Brasil)

| Edição de 18 de setembro de 2025 | Atualizado em 18 de setembro de 2025

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O balanço da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) revelou uma queda de US$ 300 milhões nas exportações de alimentos industrializados em agosto, uma redução de 4,8% em comparação a julho.

De acordo com o levantamento, as exportações totalizaram US$ 5,9 bilhões em agosto. Desse montante, US$ 332,7 milhões foram destinados aos Estados Unidos, representando uma queda de 27,7% em relação a julho e de 19,9% em comparação com agosto de 2024.

O resultado reflete o aumento das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, além da antecipação dos embarques em julho antes da entrada em vigor da taxação.

Em julho, os EUA haviam importado US$ 460,1 milhões em alimentos industrializados do Brasil.

Impacto nos Produtos

Os produtos mais afetados para os EUA foram açúcares, com um recuo de 69,5% em agosto na comparação com julho, proteínas animais, com uma queda de 45,8%, e preparações alimentícias, que diminuíram 37,5%.

O desempenho das exportações nos dois últimos meses evidencia uma inflexão clara: o crescimento expressivo de julho foi seguido por um ajuste em agosto, sobretudo nos EUA, impactados pela nova tarifa, enquanto a China reforçou seu papel como mercado âncora”, analisa João Dornellas, presidente executivo da ABIA. Para o representante, a queda observada em agosto mostra que o país precisa diversificar seus parceiros comerciais e aumentar sua capacidade de negociação.

Redirecionamento de Mercados

A queda para o mercado norte-americano coincidiu com um aumento substancial das vendas para o México, que comprou um total de US$ 221,15 milhões, representando 3,8% do total, principalmente de proteínas animais.

"O avanço do México, que coincide com a retração das vendas aos Estados Unidos, indica um possível redirecionamento de fluxos e a abertura de novas rotas comerciais, movimento que ainda requer monitoramento para identificar se terá caráter estrutural ou apenas conjuntural", explica a nota da associação.

No total, os mexicanos compraram 43% a mais de produtos brasileiros em agosto, sendo o mercado que mais aumentou a participação no período.

Perspectivas Futuras

A perspectiva é que o impacto mais expressivo seja sentido no acumulado do ano. Segundo a ABIA, a estimativa é de que as vendas de alimentos atingidos pelo tarifaço para o mercado norte-americano acumulem, entre agosto e dezembro, uma queda de 80%, com perda acumulada de US$ 1,351 bilhão.

China

A China, maior comprador de alimentos industrializados, adquiriu US$ 1,32 bilhão em produtos, alta de 10,9% em relação a julho e de 51% em relação a agosto de 2024. A fatia chinesa representa 22,4% do total exportado em agosto deste ano.

O mercado externo representa 28% do faturamento do setor.

Já os países da Liga Árabe reduziram em 5,2% as compras em agosto em relação a julho, que somaram US$ 838,4 milhões. A União Europeia importou US$ 657 milhões em alimentos, redução de 14,8% sobre julho e de 24,6% quando comparado com agosto de 2024.

De janeiro a julho de 2025, as exportações gerais totalizaram US$ 36,44 bilhões, representando uma queda de 0,3% no mesmo período de 2024, em razão da diminuição de produção do açúcar na entressafra.

Suco de Laranja

Setor que não foi taxado, a indústria de suco de laranja teve crescimento de 6,8% em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado, e queda de 11% frente a julho, em razão da antecipação de embarques.

Empregos no Setor

A indústria de alimentos registrou, em julho, 2,114 milhões de postos de trabalho formais e diretos. No comparativo interanual, foram criados, de julho de 2024 a julho de 2025, 67,1 mil novas vagas, o que representou um crescimento de 3,3%.

Neste ano, foram 39,7 mil empregos diretos novos e outros 159 mil postos abertos na cadeia produtiva, em setores como agricultura, pecuária, embalagens, máquinas e equipamentos.



Com informações da Agência Brasil