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Haddad busca canal direto com EUA para rastrear peças de fuzis

(via Agência Brasil)

| Edição de 04 de dezembro de 2025 | Atualizado em 04 de dezembro de 2025

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Os Estados Unidos estão prestes a apresentar ao Brasil uma proposta formal de cooperação para combater o crime organizado, conforme anunciou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (4). Ele revelou que o embaixador interino dos EUA, Gabriel Escobar, mostrou grande interesse em avançar nas negociações e atender ao pedido do governo brasileiro para criar um canal direto entre os dois países, visando o rastreamento de peças de fuzis.

“Nós vamos informar uma autoridade competente lá que vai cuidar dos assuntos brasileiros para saber quem exportou, por que exportou, para quem exportou, se houve participação do exportador, se houve uma operação dentro do porto para colocar as peças dentro do contêiner”, declarou o ministro após se reunir nesta tarde com Escobar.

Haddad destacou que 55 fundos de investimento estão sob investigação por suspeita de financiar atividades criminosas na Operação Poço de Lobato, sendo que 40 operam no Brasil e 15 no exterior. As investigações apontam que peças de fuzis enviadas dos Estados Unidos acabam nas mãos de facções criminosas no Brasil.

Investigações e Cooperação Internacional

De acordo com o ministro, as investigações revelam que organizações criminosas transferem recursos entre países para ocultar patrimônio e evitar o Fisco. O grupo Refit, dono da antiga refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, é um dos principais alvos. Haddad mencionou que cargas saindo dos EUA chegam ao Brasil sem passar por procedimentos essenciais, como o escaneamento de contêineres.

O encontro com Escobar foi solicitado pela embaixada norte-americana após uma carta do governo brasileiro, resultado de uma ligação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. Haddad afirmou que Escobar se comprometeu a responder ao governo brasileiro e demonstrou otimismo com a proposta.

Diálogo e Acordos Bilaterais

Haddad também mencionou que o embaixador recebeu orientação direta de Trump para aprofundar o diálogo com o Brasil. Escobar deixou o Ministério da Fazenda sem falar com a imprensa.

O ministro declarou que pretende estabelecer um canal de comunicação rápido entre os dois países para que autoridades norte-americanas sejam notificadas imediatamente quando um contêiner vindo dos EUA chegar ao Brasil com componentes de fuzis. A intenção é que os EUA possam identificar a origem e o destino das cargas, verificar quem enviou o material e apurar irregularidades em portos de embarque.

Fortalecimento da Cooperação

Haddad afirmou que acordos internacionais vigentes permitem brechas usadas por criminosos e reforçou que Escobar mostrou receptividade à ideia de ampliar a cooperação bilateral no combate ao crime organizado.

O ministro compartilhou detalhes das investigações brasileiras de fundos registrados nos EUA e informou que a documentação será enviada às autoridades americanas para evitar questionamentos jurídicos futuros. Durante o encontro, Haddad destacou o trabalho conjunto da Polícia Federal, Receita Federal, Coaf e ministérios públicos estaduais, defendendo a participação norte-americana nessa integração para ampliar a eficácia no combate à lavagem de dinheiro e na identificação de organizações criminosas.

Escobar apresentou exemplos de cooperação já em curso entre os EUA e o México, mas Haddad ponderou que a realidade brasileira difere da mexicana, argumentando pela adoção de termos ajustados ao contexto atual do Brasil. O ministro relatou que o embaixador estava com a carta enviada pelo governo brasileiro em mãos e afirmou ter saído da reunião com a impressão de que os EUA vão acelerar a análise da proposta.



Com informações da Agência Brasil