A Petrobras está enfrentando desafios para preencher vagas de trabalho em suas operações, realizadas por meio de empresas terceirizadas. A companhia está investindo em parcerias para qualificar a mão de obra e busca atrair de volta profissionais que deixaram o setor e passaram a atuar em ocupações informais, como motoristas de aplicativos.
Essa informação foi divulgada pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e por diretores da empresa, durante uma apresentação a jornalistas sobre o plano de investimentos de mais de R$ 33 bilhões no refino e indústria petroquímica no Rio de Janeiro, até 2029.
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“Já estamos nessa fase de pleno emprego, já estão faltando eletricistas, caldeireiros e soldados, todo esse arsenal de pessoal que nós utilizamos e mobilizamos para as nossas operações”, afirmou a presidente Chambriard.
O pacote de investimentos prevê a criação de 38 mil empregos diretos e indiretos. Além disso, a Petrobras informou que atividades de manutenção devem gerar mais de 100 mil postos de trabalho.
Embora os investimentos anunciados estejam concentrados no Rio de Janeiro, Magda Chambriard destacou que a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada é percebida também em outros estados.
Pleno emprego
O conceito de pleno emprego mencionado por Chambriard refere-se a uma situação econômica em que todos os indivíduos dispostos e aptos a trabalhar conseguem encontrar uma ocupação.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no trimestre encerrado em maio de 2025 foi de 6,2%, o menor índice para o período desde 2012. Este número está próximo do menor índice já registrado, 6,1%, alcançado no trimestre terminado em novembro de 2024.
A pesquisa também revelou o menor nível de desalentados — pessoas que desistiram de procurar emprego — desde 2016.
A diretora-executiva de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Renata Baruzzi, descreveu a dificuldade de contratar profissionais qualificados como uma “dificuldade boa”, pois indica que o Brasil está em pleno emprego.
Baruzzi mencionou que a companhia espera atrair de volta profissionais qualificados que precisaram buscar outras formas de emprego devido à falta de oportunidades em períodos anteriores, como motoristas de aplicativos.
“Muita gente foi para o Uber. Então, vamos ver se a gente consegue trazer o pessoal de volta do Uber para a obra”, disse.
“Muitos soldadores e pessoal bem qualificado já estão retornando, conforme informações que as indústrias e empresas nos têm passado”, completou ela.
A companhia destacou que uma das normas da Petrobras é que as contratações das terceirizadas incluam plano de saúde, destacando uma das vantagens do emprego formal.
A diretora informou que uma das estratégias para preencher as vagas ociosas é através do Programa Autonomia e Renda da empresa, que qualifica beneficiários do Bolsa Família. Uma das parcerias envolve a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
“A nossa ideia é retirar esse pessoal do Bolsa Família para que possa trabalhar não só nas nossas obras, como nas paradas de manutenção que têm nas refinarias”, pontuou a diretora.
Salários
O diretor executivo de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França, descreveu o pacote de investimentos anunciado como “geração intensiva de mão de obra”.
Nas manutenções programadas, que geram as maiores demandas da Petrobras por obras, os salários podem variar de R$ 6 mil a mais de R$ 30 mil.
“Para um bom inspetor de solda, a faixa de salário e benefícios é em torno de R$ 10 mil. Um bom planejador, que sabe mexer com software, pode chegar a mais de R$ 25 mil”, listou.
“Eu diria que os salários, em nível de Brasil, são muito bons, porque é gente especializada, é mecânico, soldador, inspetor, planejador, para controle de máquinas, de guindastes, de elevação de cargas. É gente muito boa, qualificada, que a gente está precisando, porque nós estamos investindo”, completou.
Com informações da Agência Brasil