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Produtores brasileiros começam a sentir efeitos da taxação dos EUA

(via Agência Brasil)

| Edição de 14 de julho de 2025 | Atualizado em 14 de julho de 2025

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Produtores brasileiros estão em compasso de espera enquanto aguardam reuniões e medidas do governo para tentar reverter ou ao menos mitigar a taxação de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump, com vigência a partir de 1º de agosto. Enquanto alguns setores ainda estão apreensivos, outros já sentem os impactos dessa decisão.

O setor de pescados é um dos mais afetados de imediato. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), 58 contêineres, totalizando 1.160 toneladas de pescados destinados aos Estados Unidos, perderam seus compradores e terão que ser devolvidos aos produtores.

"Os embarques que seriam feitos agora chegariam em agosto. Com o tempo de translado dos contêineres, eles já chegariam sob essa nova tarifa. Então, os compradores de lá suspenderam as compras, suspenderam os embarques", explicou Jairo Gund, diretor executivo da Abipesca.

Os Estados Unidos representam 70% do mercado externo brasileiro de pescado, sendo que 90% da tilápia exportada tem como destino o país. Os contêineres afetados continham produtos congelados, enquanto o mercado de produtos frescos, transportados por avião, continua operando normalmente.

Os produtores mais vulneráveis são os mais atingidos, conforme destacou Gund. "O principal item de exportação é a lagosta, vista como um produto de luxo, mas quem a produz são pessoas de baixa renda, geralmente de comunidades tradicionais. O impacto é direto nesse público", ressaltou.

A Abipesca está entre as entidades que se reunirão com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. A principal demanda será adiar a taxação para o setor por 90 dias, permitindo que a produção já contratada seja escoada. Além disso, os produtores solicitarão a exclusão dos pescados das tarifas, uma vez que o Brasil representa menos de 1% das importações americanas desses itens.

Aguardando decisões

Imagem ilustrativa da imagem Produtores brasileiros começam a sentir efeitos da taxação dos EUA
Citricultores dizem que é preciso ter cautela - Divulgação/Embrapa

Os produtores de cítricos também estão atentos aos próximos passos. "Temos que ter cautela. Essa tarifa é para o dia 1º de agosto. Precisamos deixar o governo agir, defender e negociar. Uma boa conversa é sempre melhor que uma má discussão", afirmou Antonio Carlos Simonetti, presidente da Câmara Setorial da Citricultura do Estado de São Paulo.

O Brasil é o maior fornecedor de suco de laranja para os EUA, que absorvem mais de 40% das exportações brasileiras. A produção de Simonetti segue sem alterações por enquanto.

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) participa de reuniões com governos e entidades para discutir o impacto das tarifas e apresentar o desempenho das exportações do grão no fechamento do ano safra 2024/25.

Indústria

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) destacou que o momento exige ações enérgicas para reverter o quadro, tanto interna quanto externamente. "Precisamos de moderação e equilíbrio nas relações exteriores para contornar a política tarifária dos EUA. O governo brasileiro deve defender os interesses da sociedade, evitando armadilhas da polarização política", afirmou a CNI.

A taxação ameaça planos de investimento e negócios em andamento, afetando fábricas brasileiras e plantas nos Estados Unidos que dependem de componentes e insumos brasileiros.

Governo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a criação do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, para adotar medidas de proteção à economia brasileira. O grupo, criado por decreto, ouvirá setores empresariais para avaliar as implicações das tarifas de Trump.

A primeira reunião do comitê será com setores da indústria, seguida por representantes do agronegócio. Até esta terça, o decreto de regulamentação da Lei de Reciprocidade Econômica deverá ser publicado, estabelecendo critérios para suspender concessões comerciais em resposta a medidas unilaterais que impactem a competitividade brasileira.



Com informações da Agência Brasil