Inspirado por uma corrida noturna que presenciou em Paris, o jornalista Cásper Líbero trouxe para o Brasil a ideia de uma prova que se realizaria no último dia do ano. Assim, em 31 de dezembro de 1925, nasceu a primeira Corrida de São Silvestre, batizada em homenagem ao santo do dia.
Eric Castelheiro, diretor-executivo da Corrida Internacional de São Silvestre, explica que a inspiração de Cásper Líbero surgiu em 1924, quando ele assistiu a uma corrida em Paris onde os atletas carregavam tochas, criando um espetáculo visual noturno. Encantado, Líbero decidiu replicar a experiência em São Paulo, dando origem à corrida que hoje celebra sua centésima edição.
Na estreia da São Silvestre, 60 atletas se inscreveram, mas apenas 48 participaram da largada no Parque Trianon, na Avenida Paulista, às 23h40. O percurso de 8,8 km foi vencido por Alfredo Gomes em 23 minutos e 19 segundos.
Primeiros Heróis
Inicialmente restrita a brasileiros, a corrida abriu espaço para estrangeiros residentes no Brasil em 1927, quando o italiano Heitor Blasi venceu duas edições. A partir de 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, a competição passou a receber atletas internacionais, mas apenas em 1947 se tornou verdadeiramente global.
O pernambucano José João da Silva quebrou um jejum de 34 anos sem vitórias brasileiras em 1980, tornando-se um herói nacional. Ele relembra a emoção de sua vitória, comparando a comoção à de uma Copa do Mundo.
Marcos e Recordes
Marilson Gomes dos Santos é o brasileiro com mais vitórias na era internacional da São Silvestre, conquistando o título em 2003, 2005 e 2010. Ele destaca o apoio do público brasileiro como um fator motivador para os atletas nacionais.
Maria Zeferina Baldaia, vencedora em 2001, também sentiu o impacto de sua vitória, transformando-se em inspiração para muitas mulheres. Ela recorda como, mesmo sem condições financeiras, persistiu no esporte até alcançar o reconhecimento.
Inclusão e Democracia
A São Silvestre é uma prova inclusiva, com categorias para atletas de elite, cadeirantes e amadores. A São Silvestrinha, uma versão para crianças e adolescentes, reforça o caráter democrático do evento.
Castelheiro enfatiza que a corrida é uma plataforma para histórias pessoais de superação, onde cada participante busca seus próprios objetivos. A São Silvestre não é apenas uma competição, mas uma celebração da vida e do esporte, conectando pessoas e histórias.
O programa Caminhos da Reportagem - 100 Vezes São Silvestre celebra essa trajetória e será exibido na TV Brasil, destacando a importância histórica e cultural da corrida.
Com informações da Agência Brasil