O campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) em Belém se transforma em um palco de eventos da Cúpula dos Povos a partir desta quarta-feira (12). O dia é marcado por uma agenda repleta de atividades e atos políticos, com a participação de movimentos sociais e lideranças de povos tradicionais.
Um dos destaques é a manifestação artística conduzida pela professora Inês Antônia Santos Ribeiro, da Escola de Teatro e Dança da UFPA. Ela também coordena o programa de extensão Alto do Círio, vinculado ao Círio de Nazaré.
Durante a abertura da Cúpula dos Povos, um ato simbólico promoveu o “Funeral dos Combustíveis Fósseis”. Conectados em um corpo de cobra, os participantes denunciaram os impactos climáticos causados pelo uso de combustíveis derivados do petróleo, gás natural e carvão mineral.
A Boiuna, ou cobra grande, é um símbolo importante na cultura amazônica, utilizada para abrir caminhos para as lutas e demandas das populações tradicionais da região.
“A nossa intenção é que a Boiuna enterre os combustíveis fósseis. Já que ela está embaixo de Belém sustentando essa terra, ela vai afundar, vai levar, vai engolir simbolicamente os combustíveis fósseis”, explica Inês.
Segundo a professora, a arte é uma ferramenta poderosa para lembrar que a crise climática afeta a fauna, a flora e as pessoas que vivem em territórios ameaçados.
“A arte é política, a arte é cultura. Pelos seus símbolos, ela pode representar a grande mensagem que queremos passar: de que somos vítimas de uma violência climática. Nesse território existem vidas que precisam ser sustentadas pelos nossos encantados, seres espirituais que são guardiões da natureza e da floresta”, afirma Inês.
Ela destaca que os símbolos são fundamentais para mobilizar a população. "Eles são capazes de sensibilizar sem o uso das palavras, trazendo mensagens importantes aqui na Cúpula dos Povos sobre a necessidade de parar a destruição e proteger o nosso planeta”, complementa.
Cúpula dos Povos
A Cúpula dos Povos acontece entre os dias 12 e 16 de novembro na UFPA, paralelamente à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). O evento reúne aqueles que não ocupam lugares de destaque na COP, mas que se organizam para influenciar os líderes mundiais em compromissos contra o aquecimento global e a injustiça climática.
No primeiro dia, uma barqueata pelas águas da Baía do Guajará marcou o início das atividades. A manifestação contou com mais de 200 embarcações e cerca de 5 mil pessoas, conforme os organizadores. Na barca principal, movimentos sociais, jornalistas e povos tradicionais se apresentaram com músicas, poesias e compartilharam suas principais bandeiras de luta.
Na UFPA, delegações de diversos movimentos sociais foram recebidas pelos organizadores da Cúpula. Em salas de debate, especialistas discutiram temas como transição energética e interseccionalidade de gênero, raça, classe e território. Também ocorreu uma roda de “artivismo” feminista popular e antirracista.
Com informações da Agência Brasil