O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, anunciou nesta terça-feira (4) novos investimentos estaduais na segurança pública, enfatizando que o Estado deve combater o crime e garantir a segurança da população sem cometer abusos ou violar direitos.
Rodrigues destacou que "o Estado não pode ser um Estado matador. Não pode. Não é o Estado que tem que fazer isto. O Estado tem que mediar", referindo-se à Operação Contenção, realizada pelas forças de segurança pública do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha. A operação resultou em 121 mortes, incluindo quatro policiais, tornando-se a mais letal já registrada no Brasil, mas não conseguiu prender Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como uma das lideranças do Comando Vermelho no Rio.
O governador baiano ressaltou que a Operação Freedom prendeu ao menos 35 pessoas suspeitas de integrarem o Comando Vermelho na Bahia. Realizada pela Polícia Civil, com apoio das polícias Militar baiana, Civil do Ceará e Federal, a operação resultou na morte de um homem, cuja identidade não foi divulgada.
Reação e Protestos
De acordo com a secretaria estadual da Segurança Pública, o homem morto não estava entre os alvos dos mais de 90 mandados judiciais, mas tinha antecedentes criminais e era conhecido por organizar ataques a grupos rivais do Comando Vermelho na Bahia. Ele reagiu a tiros quando os agentes tentaram deter parte dos investigados no bairro Uruguai, em Salvador.
A morte gerou protestos no bairro Uruguai, onde manifestantes montaram barricadas, interrompendo o tráfego. Policiais militares e bombeiros foram acionados para liberar as vias, mas o patrulhamento foi reforçado na região.
“A mão forte do Estado precisa acontecer. Não vamos dar trégua ao crime organizado na Bahia. Mas minha ordem é que possamos cercar, prender e entregar [os investigados] à Justiça”, garantiu Rodrigues.
Desarticulação do Comando Vermelho
Entre os presos na operação baiana está um casal suspeito de liderar as ações do Comando Vermelho na Bahia. O homem, cuja identidade não foi confirmada, é acusado de organizar o tráfico de drogas em Salvador e ataques a grupos rivais. Sua companheira é apontada como responsável pelas finanças da organização. Ambos foram presos em Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza (CE).
A Operação Freedom, resultado de uma investigação iniciada em 2022, identificou os principais suspeitos de participação em ao menos 30 assassinatos em Salvador e na expansão do Comando Vermelho para várias cidades da Bahia.
O delegado-geral da Polícia Civil da Bahia, André Viana, afirmou que a operação atingiu o objetivo de desarticular o núcleo armado e financeiro do Comando Vermelho na Bahia, sem ferir policiais ou inocentes. "Esta operação tem um viés de asfixia financeira e de apreensão de recursos financeiros da organização", explicou Viana, mencionando o bloqueio judicial de até R$ 1 milhão em 51 contas bancárias dos investigados.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, destacou a eficácia do uso de inteligência policial para desarticular facções sem recorrer ao confronto direto. "Este é um exemplo concreto da nova doutrina de segurança pública que prioriza a preservação da vida. Os resultados contribuirão para a elucidação de ao menos 30 homicídios em Salvador e reforçam a tese de que é possível ser implacável contra o crime, agindo com responsabilidade e aderência à lei", afirmou Freitas.
Com informações da Agência Brasil