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Famílias de mortos em operação no Rio reclamam de falta de informação

(via Agência Brasil)

| Edição de 30 de outubro de 2025 | Atualizado em 30 de outubro de 2025

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Familiares das vítimas da Operação Contenção enfrentaram dificuldades nesta quinta-feira (30) enquanto aguardavam a liberação dos corpos. A principal queixa foi a demora no processo de perícia e a falta de informações. Com um total de 121 mortos, incluindo quatro policiais, o Instituto Médico Legal (IML) da capital está focado exclusivamente nesse trabalho. Os familiares estão sendo atendidos em um posto do Detran, próximo ao IML.

Samuel Peçanha, trabalhador de serviços gerais, buscava informações sobre seu filho Michel Mendes Peçanha, de 14 anos. A família, residente em Queimados, na Baixada Fluminense, soube que Michel estava no Complexo da Penha no dia da operação, após participar de um baile funk.

“Faz dois dias que estou procurando alguma informação. Disseram que ligariam, mas ninguém liga, ninguém fala nada. No dia da ocorrência, falei com ele às 8h40 da manhã, e ele disse que mais tarde iria para casa. Depois disso, o telefone dele se calou. O comentário na comunidade é que empurraram todos para a mata. É nosso filho. Queremos pelo menos o direito de enterrá-lo”, desabafou Samuel.

Na mesma situação, Lívia de Oliveira buscava saber quando o corpo do marido, Douglas de Oliveira, seria liberado.

“Todos estão vindo aqui desde terça-feira em busca de respostas. Infelizmente, sempre dizem que ele ainda não foi identificado e que precisamos esperar, pois são muitos corpos. Como podemos dormir assim? É agoniante”, lamentou Lívia.

Os pais de Yago Ravel exigiam o direito de reconhecer o corpo do filho de 19 anos, encontrado decapitado. Somente após a intervenção de deputados, que realizaram uma diligência no local na tarde de quarta-feira, conseguiram fazer o reconhecimento. O pai de Yago, Alex Rosário da Costa, protestou por ter que assinar o atestado de óbito sem ver o corpo.

“Meu filho foi espancado, executado e decapitado. Em nenhum momento pude ver o corpo dele. Ele foi encontrado com o corpo no chão, de braços abertos, e a cabeça em cima de uma árvore. Isso é uma carnificina”, criticou Alex.

Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, as vítimas da operação devem ser identificadas até o final de semana. Até agora, 100 corpos já foram identificados, mas os nomes não foram divulgados.

Imagem ilustrativa da imagem Famílias de mortos em operação no Rio reclamam de falta de informação
Familiares chegam para se cadastrar para reconhecimento dos corpos - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Enterro

Além da espera por informações, as famílias enfrentam o dilema dos custos funerários. Elas devem escolher entre pagar um sepultamento particular, com custo mínimo de R$ 4 mil, ou aceitar o enterro gratuito oferecido pela prefeitura, que ocorre sem velório e em caixão fechado. A Defensoria Pública montou um posto de atendimento no IML para agilizar os trâmites para aqueles que optam pelo serviço gratuito.

O defensor público André Castro explicou que, caso a família não atenda aos critérios para o enterro gratuito, pode ter direito ao serviço mediante pagamento de uma tarifa social.

“Não é necessário ação judicial. Estamos orientando as famílias e o contato é direto com as funerárias que realizam o serviço. Criticamos há tempos o fato de ser apenas em caixão fechado e sem velório. Não consideramos essas condições dignas para a despedida dos entes queridos. Mas muitas famílias realmente não têm condições de pagar, e esse tem sido um pedido central na nossa atuação”, afirmou Castro.

Operação Contenção

A Operação Contenção, realizada pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, resultou em cerca de 120 mortes, incluindo quatro policiais, segundo o último balanço. Foram efetuadas 113 prisões, sendo 33 de presos de outros estados. Foram apreendidas 118 armas e 1 tonelada de drogas. O objetivo era conter o avanço da facção Comando Vermelho e cumprir 180 mandados de busca e apreensão e 100 de prisão, sendo 30 expedidos pela Justiça do Pará.

Com um efetivo de 2,5 mil policiais, a operação é a maior e mais letal realizada no estado nos últimos 15 anos. Os confrontos e as ações de retaliação de criminosos geraram pânico na cidade, com intenso tiroteio, fechando vias principais, escolas, comércios e postos de saúde.



Com informações da Agência Brasil