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MAR inaugura ocupação artística sobre Carolina Maria de Jesus

Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil (via Agência Brasil)

| Edição de 15 de outubro de 2022 | Atualizado em 15 de outubro de 2022
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O Museu de Arte do Rio (MAR)  inaugura neste sábado (15) sua primeira ocupação artística gratuita. “Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os brasileiros” - Ocupação MAR apresenta reflexões sobre racismo estrutural, pobreza, fome e superação, a partir da história de vida da escritora Carolina Maria de Jesus, mulher negra, favelada e protagonista da literatura brasileira.

Após passagem pelo Instituto Moreira Salles de São Paulo, a mostra chega ao Parque Madureira, espaço de lazer na zona norte do Rio de Janeiro. Ao todo, serão cerca de 100 obras de 10 artistas, entre fotografias, vídeos, colagens e reportagens de jornal.

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A ocupação vai contar ainda com uma peça inédita da artista Silvana Mendes, que também participa da exposição principal do MAR, Um Defeito de Cor - uma interpretação do livro de mesmo nome da escritora mineira Ana Maria Gonçalves. A obra é uma colagem onde Silvana representa Carolina Maria de Jesus cercada por homens brancos e os anula com flores e elementos coloridos, criando uma grande homenagem à escritora.

Para o curador-chefe do MAR, Marcelo Campos, a ocupação artística no Parque Madureira é uma oportunidade de apresentar ao público a história de uma das autoras mais importantes do país em novos espaços da capital fluminense.

“Essa primeira ocupação nos traz a alegria de estar no bairro de Madureira contando uma história importante e bonita da literatura brasileira, além de fundamental para também conhecermos a grandeza da escrita de Carolina Maria de Jesus. Uma mulher negra e favelada que consegue suplantar as suas condições sociais e ganhar fama como uma das escritoras mais importantes do Brasil”.

Segundo a historiadora Raquel Barreto, que divide a curadoria da ocupação artística com o antropólogo Hélio Menezes, Carolina Maria de Jesus passou por diversos gêneros durante a carreira, e sua produção literária vai além de Quarto de Despejo, obra de maior sucesso editorial da autora.

“O sucesso de Quarto de Despejo é importante, mas, por causa da enorme repercussão da obra, Carolina acabou sendo definida apenas como uma escritora de diários, quando, na verdade, ela navegou por diversos gêneros literários, como peças, romances, crônicas, contos e poesias. Nessa apresentação de Madureira, a nossa ideia é enfatizar a Carolina escritora, trazendo imagens pouco conhecidas dela e apresentando-a como multiartista para um público que não a conhece”.

A exposição faz parte do circuito Madureira de Portas Abertas, um dos três editais do Zona de Cultura Madureira, programa da Secretaria Municipal de Cultura que, este ano, injeta R$ 1,5 milhão para ações culturais em um trecho do bairro.

A ocupação artística “Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os brasileiros” - Ocupação MAR no Parque Madureira é uma cooperação do Museu de Arte do Rio com a Secretaria Municipal de Cultura do Rio e o Instituto Moreira Salles. A mostra fica em cartaz até 15 de dezembro.

Carolina Maria de Jesus

Nascida em Sacramento (MG), em 1914, Carolina Maria de Jesus foi uma artista negra que ficou mais conhecida pela escrita de diários. Sua obra de maior sucesso foi Quarto de Despejo, livro lançado em 1960 com tradução para mais de 13 línguas.

Durante muitos anos, Carolina morou na Favela do Canindé, às margens do Rio Tietê, em São Paulo. Nesse período, a escritora trabalhou como catadora de papel para sustentar os seus três filhos. Carolina é uma das autoras mais importantes da história literária e cultural brasileira, e sua obra é considerada imprescindível para compreender o Brasil.