Na manhã desta quarta-feira (3), a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão em gabinetes de pelo menos dez dos 24 deputados estaduais do Tocantins. A ação, que foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), integra a segunda fase da Operação Fames-19, ocorrendo em Palmas, capital do estado, e também em Araguaína (TO), João Pessoa (PB), Imperatriz (MA) e no Distrito Federal.
Essa nova etapa, deflagrada pouco mais de um ano após a primeira fase, visa aprofundar as investigações sobre o desvio de recursos públicos destinados ao combate à pandemia de covid-19. A operação busca reunir mais evidências sobre o possível uso indevido de emendas parlamentares e o recebimento de vantagens ilícitas por agentes públicos e políticos. Como resultado, o STJ determinou o afastamento do governador Wanderley Barbosa por seis meses.
Alvos da Operação
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos gabinetes do presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins, deputado Amélio Cayres (Republicanos), e de outros membros da Mesa Diretora, incluindo Léo Barbosa, Cleiton Cardoso e Vilmar de Oliveira. Outros deputados estaduais, como Claudia Lelis, Ivory de Lira, Jorge Frederico, Nilton Franco, Olyntho Neto e Valdemar Júnior, também foram alvos da operação.
Apesar do sigilo das investigações, a Assembleia Legislativa informou que seus servidores colaboraram integralmente com as autoridades, disponibilizando documentos e informações solicitadas. A Procuradoria-Geral da Casa não teve acesso aos autos e, portanto, não se pronunciou sobre os fundamentos legais da ação.
Governador Afastado
O governador Wanderley Barbosa, que assumiu o cargo em outubro de 2021 após a renúncia de Mauro Carlesse, também foi afastado por suspeitas de envolvimento em um esquema de propinas. Durante a primeira fase da Operação Fames-19, a PF investigou suspeitas de fraude na compra de cestas básicas durante a pandemia, com prejuízos estimados em mais de R$ 73 milhões aos cofres públicos.
O governo do Tocantins ainda não se manifestou sobre as acusações. Em sua defesa, Barbosa alegou que, na época dos fatos investigados, ele era vice-governador e não responsável pelas despesas relacionadas ao programa de cestas básicas. Ele afirmou ter ordenado auditorias nos contratos suspeitos e prometeu acionar meios jurídicos para reassumir o cargo e comprovar a legalidade de seus atos.
Com informações da Agência Brasil