A Polícia Federal (PF) revelou ao Supremo Tribunal Federal movimentações financeiras suspeitas, totalizando R$ 28,638 milhões, sem justificativa plausível, em contas de assessores dos deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ), além de funcionários do partido e pessoas próximas aos parlamentares.
O relatório parcial, cujo sigilo foi levantado pelo ministro Flávio Dino, relator do caso no Supremo, serviu de base para a Operação Galho Fraco, deflagrada pela PF. Durante a operação, R$ 400 mil em dinheiro vivo foram encontrados em um dos endereços de Sóstenes, líder do PL na Câmara.
Nesta sexta-feira, agentes cumpriram sete mandados de busca e apreensão autorizados por Dino, com o aval da Procuradoria-Geral da República (PGR), incluindo buscas pessoais, veiculares e em imóveis de Jordy e Sóstenes.
Investigação e Suspeitas
As investigações indicam que os parlamentares são suspeitos de utilizar locadoras de veículos de fachada para desviar a cota parlamentar, verba destinada ao custeio do funcionamento dos gabinetes, incluindo despesas com aluguel de frota de carros para deslocamento dos congressistas.
Nas redes sociais, Jordy afirmou estar sendo perseguido por Dino e negou qualquer esquema ilegal. “Hoje, no aniversário da minha filha, a PF fez busca e apreensão novamente na minha casa por determinação de Flávio Dino [ministro do STF]. Perseguição implacável!”, escreveu.
A Agência Brasil busca contato com o deputado Sóstenes Cavalcante ou sua defesa.
Smurfing e Movimentações Suspeitas
O relatório da PF destacou a realização de saques nunca superiores a R$ 9.999,00, sugerindo a prática de "smurfing", uma técnica de lavagem de dinheiro que limita o valor das transações para evitar o monitoramento dos órgãos competentes.
Adailton Oliveira dos Santos, assessor especial do PL, movimentou mais de R$ 11,4 milhões entre 2023 e 2024, quantia considerada incompatível com sua renda declarada. Itamar de Souza Santana, secretário parlamentar de Jordy, movimentou R$ 5,9 milhões e também foi alvo de buscas.
Os investigadores encontraram indícios de uso da cota parlamentar para pagamento de despesas inexistentes ou irregulares, além de conversas no WhatsApp sugerindo pagamentos "por fora" pelos deputados.
Quebras de Sigilo
Além das buscas, o ministro Dino autorizou a quebra de sigilo bancário dos parlamentares e de outras 12 pessoas físicas e uma pessoa jurídica, determinando que informações de interesse sejam compartilhadas com a Receita Federal.
Com informações da Agência Brasil