Dez policiais militares do 39º Batalhão de Polícia Militar (BPM), localizado em Belford Roxo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, foram presos nesta quinta-feira (14) em uma operação conduzida pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Eles são acusados de integrar um grupo criminoso que extorquia comerciantes em troca de "segurança particular". Esta é a segunda operação em 45 dias que tem como alvo agentes do 39º BPM para combater essa prática.
Além das prisões e dos mandados de busca e apreensão, os dez policiais foram denunciados à Justiça pelo MPRJ. Segundo os promotores, os policiais recebiam propina semanal de diversos comerciantes para oferecer segurança armada a estabelecimentos em Belford Roxo durante o horário de serviço, utilizando viaturas, fardas e armamento da corporação.
Os comerciantes que participavam do esquema eram chamados de "padrinhos" e recebiam tratamento diferenciado dos policiais, que passavam a frequentar os estabelecimentos e direcionar as rotas de policiamento ostensivo para beneficiar os pontos comerciais envolvidos.
A denúncia do MPRJ destaca que o esquema criminoso representa uma "verdadeira subversão da lógica da segurança pública", ressaltando que policiais militares, que deveriam proteger a população sem cobrar qualquer valor, estavam recebendo, solicitando ou exigindo pagamento de taxas.
A operação desta quinta-feira foi autorizada pela auditoria da Justiça Militar e realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (Gaesp) do MPRJ, com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público. A Corregedoria-Geral da Polícia Militar também prestou auxílio.
As prisões ocorreram em Belford Roxo, Rio de Janeiro, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, todas na região metropolitana.
História repetida
No início de julho, outra operação do MPRJ prendeu onze policiais militares do 39º BPM sob a mesma acusação: venda de segurança particular a comerciantes durante o horário de serviço e com recursos da corporação. A investigação identificou pontos comerciais como restaurantes, lanchonetes, mercados, lojas, postos de combustíveis, depósitos, farmácias, clínicas, universidades, funerárias, serviços de mototáxi, transporte alternativo, feiras livres, festas populares e até um posto do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Os promotores detalharam que os presos de julho pertenciam a outro setor do batalhão. A denúncia afirma que a atividade criminosa dos policiais era tão intensa que, em algumas ocasiões, comerciantes eram extorquidos por mais de um grupo de policiais do 39º BPM.
A Agência Brasil solicitou um posicionamento da Polícia Militar, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.
Com informações da Agência Brasil