Uma pesquisa realizada pelo Instituto QualiBest, a pedido da Plan Brasil, revelou que a violência sexual é a violação mais citada quando se trata de meninas no Brasil, com 87% dos brasileiros destacando-a como a mais comum. Os resultados foram divulgados no Dia Internacional da Menina.
Além da violência sexual, a pesquisa também apontou a violência física, psicológica/emocional e online, como o cyberbullying e assédio, como preocupações significativas. A gravidez na adolescência, muitas vezes decorrente de estupro, também foi destacada por 56% dos entrevistados.
O levantamento, que contou com a participação de 824 pessoas de diversas classes sociais e regiões do Brasil, revelou que 90% dos entrevistados percebem a adultização de meninas como uma forma de violência.
Ana Nery Lima, especialista em gênero e inclusão da Plan Brasil, destacou a pouca atenção dada à falta de acesso à educação, casamento infantil, trabalho infantil e negligência, que também são formas de violência.
Mais da metade dos entrevistados acredita que as meninas estão mais vulneráveis hoje do que há dez anos, especialmente entre pais e mães.
Ambiente digital
A pesquisa revelou que 92% dos entrevistados acreditam que a internet e as redes sociais aumentam a vulnerabilidade das meninas. Mais da metade dos pais e mães afirmaram que seus filhos menores de 18 anos possuem perfis em redes sociais, como Instagram, WhatsApp, TikTok e YouTube.
Entre os 359 entrevistados, 74% publicam fotos de seus filhos nas redes sociais, com 27% fazendo isso frequentemente em perfis fechados. Um terço publica raramente e de forma controlada, enquanto 6% usam perfis abertos, mas com restrições de comentários.
Além disso, 92% dos participantes apoiam a responsabilização de adultos que exploram financeiramente a exposição de meninas na internet.
Ameaças dentro de casa
A pesquisa indicou que a internet é vista como o ambiente mais perigoso para meninas, mais do que suas próprias casas. No entanto, estatísticas mostram que a maioria das violências de gênero ocorre dentro de casa, praticada por conhecidos das vítimas.
Juliana Cunha, diretora da SaferNet Brasil, explica que a percepção de que lares são menos ameaçadores é cultural, embora a realidade mostre o contrário. Ana Nery Lima reforça que a violência muitas vezes vem de pessoas próximas, como familiares e amigos.
A especialista destaca que a sociedade precisa reconhecer que a violência pode vir de dentro do círculo social das vítimas.
Deep fake e educação
O deepfake, uma tecnologia que mistura rostos em contextos sexuais sem consentimento, tem se tornado uma preocupação crescente. A SaferNet Brasil identificou casos em escolas de dez estados, destacando a falta de monitoramento e investigação por parte das autoridades.
A organização encontrou 72 vítimas e 57 agressores, todos menores de 18 anos, com a maioria dos casos ocorrendo em escolas particulares. A SaferNet Brasil mantém uma página com materiais educativos e recebe denúncias através de seu site.
Com informações da Agência Brasil