O município de Apucarana está avançando no processo de registro da Indicação Geográfica (IG) do café. O selo é conferido pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) a produtos que apresentam qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer. E de acordo com o engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura de Apucarana, Andé Maller, são exatamente essas as características encontradas no município.
Maller afirma que o diagnóstico inicial comprovou que Apucarana tem as condições propícias para produção de uma bebida especial como clima, altitude e solo adequados. “Apucarana tem condições para a produção de café de qualidade única, com um terror que só há na nossa região”, reitera. O engenheiro agrônomo explica, entretanto, que o processo avançou, mas ainda não terminou. Segundo ele, será necessário cumprir um protocolo com 10 reuniões até a obtenção do selo.
O presidente da Associação dos Cafeicultores de Apucarana Carlos Bovo destaca que a patente vai aumentar o valor do café para o produtor, além de blindar o produto, impedindo que outras pessoas usem o nome da cidade para divulgar produtos cultivados em outras regiões. “Além do solo altitude e clima, nosso café é um dos melhores cafés do mundo. Temos um café especial, com notas florais, sabor achocolatado, características que renderam vários prêmios aos nossos cafeicultores. Então Apucarana é sempre premiada entre as quatro regiões do Café Qualidade Paraná”, afirma.
Além valorizar os produtos locais, preservando a tradição na produção cafeeira, o selo também vai fomentar o turismo, afirma o cafeicultor Alexandro Volpato. Ele cita como exemplo o município de São Mateus do Sul, no sul do estado, que recebeu IG da erva-mate e atualmente promove roteiros turísticos para os amantes da bebida. O passeio inclui gastronomia e visitas a atrações turísticas e históricas ligadas à produção da erva na região.
“Tivemos uma reunião em São Mateus do Sul. Todas as lanchonetes e restaurantes se readequaram e criaram produtos derivados da erva-mate. É algo que podemos implantar aqui também com o café”, enfatiza.
Segundo ele a primeira reunião para obtenção do selo acontece em 21 de setembro. Segundo a Secretaria de Agricultura são 232 produtores de café no município com 1.097 hectares plantados.
Tradição familiar embala produtor
O cafeicultor Valdemar Volpato está entre os produtores que estão na expectativa pela conquista da IG. Atualmente ele cultiva 30 mil pés de café que produzem, em média, 100 sacas por ano de um café muito especial. Segundo ele, para produzir uma bebida com qualidade elevada são necessários outros fatores além clima e solo propícios. O agricultor revela que a colheita e a secagem também são pontos importantes. Na sua propriedade, os grãos de café são colhidos manualmente com o uso de um pano, sem contato com as mãos. Volpato destaca que outro ponto é secar de maneira mais natural possível, para não danificar o grão. Na propriedade ele faz uso de um secador com calor indireto.
Quando o assunto é café, Valdemar fala com orgulho. O cultivo é uma tradição familiar que começou lá atrás quando seu avô Natal Volpato chegou da Itália para trabalhar como porcenteiro no interior de São Paulo. Em 1937, ele se mudou para Arapongas onde comprou uma fazenda. “Nasci embaixo do pé de café. Trabalhar com o café vem desde nascença”, afirma.
Apesar da paixão pela cultura, Volpato lamenta sobre as dificuldades que os pequenos produtores enfrentam, como a falta de mão de obra especializada. “Hoje se tornou muito difícil. Na roça está ficando muito pouca gente então tem que adquirir máquinas para trabalhar”, comenta.
E sem mão de obra, os pequenos produtores contam com o apoio da Cooperativa dos Cafeicultores do Pirapó. “Hoje temos 250 famílias na nossa cooperativa que recebem o apoio. Isso é feito para alavancar a cafeicultura local”, salienta o presidente da cooperativa Nilton Fornaciari.
A cooperativa e a associação contam conta com uma plantadeira automática, cedida pela Prefeitura, e uma colheitadeira, repassada pelo Governo Estadual.