Um vídeo que gerou repercussão na internet ao mostrar um ciclista no “vácuo” de um caminhão a mais de 100 km/h, anteontem, na BR-369, entre Apucarana e Arapongas retomou a discussão sobre a segurança no trânsito e a prática esportiva nesse trecho da rodovia, bastante utilizado por atletas e ciclistas amadores.
Nas imagens, gravadas por um passageiro de uma van, que filmou também o velocímetro do veículo, é possível ver o ciclista pedalando na traseira de um caminhão, em uma prática conhecida como “pegar vácuo”, quando o veículo que vai à frente é usado como uma espécie de batedor informal.
A atitude do atleta foi reprovada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) que alerta sobre o risco de acidentes. “A PRF (e o senso comum) reprova a atitude do ciclista, que está colocando a própria vida em risco”, disse a corporação em nota enviada pelo Núcleo de Comunicação Social da PRF do Paraná.
A PRF esclarece que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não prevê multas para ciclistas, desta forma a conduta não é passível de autuação. Mas orienta que este tipo de treino, preparação ou esporte seja praticado em locais adequados e não em rodovia com alto fluxo de veículos, especialmente veículos pesados.
“O CTB também proíbe a autuação de infrações constatadas por vídeos (exceto quando constatada por policial em tempo real por sistema de videomonitoramento)”, pontua.
DRAFITING
No vídeo, o ciclista aparece praticando “drafting”, estratégia que consiste em pedalar atrás de outro atleta ou veículo para reduzir a resistência do ar. Especialistas garantem que a técnica favorece a economia de energia e ganho de vantagem competitiva, entretanto, deve ser realizada em extrema segurança para evitar acidentes.
O treinador esportivo Jhony Almeida afirma que o treinamento em vácuo pode ser realizado de forma segura e sistematizada. Isso ocorre em ambientes controlados, como pistas de ciclismo oval, ou em rodovias com fluxo de veículos menor e sinalização adequada. Nesse tipo de treinamento, geralmente há um carro ou moto na frente e outro atrás do pelotão de ciclistas, com pisca-alerta ligado para alertar os usuários da via.
“Nós temos duas vertentes diferentes. Um é um treinamento sistematizado, com uma equipe para garantir toda segurança dos atletas e das pessoas que estão na via. O outro é esse tipo de situação do vácuo sem o consentimento do motorista, colocando em risco a vida tanto do atleta quanto das demais pessoas”, reitera.