Celebração da padroeira do Brasil tem sempre bolo e salgadinhos em família apucaranense
Neste domingo (12), quando o Brasil celebra o Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do país, não será diferente na casa da família Haidamak, em Apucarana, que vai repetir um ritual que já dura 50 anos: um bolo temático da santa será dividido em forma de agradecimento pelas bênçãos, que não são poucas.
Dona Guinoefa Haidamak, devota fervorosa da santa, mantém viva uma promessa de gratidão pelos milagres recebidos. Aos 91 anos de idade, mãe de 5 filhos, Vanda, João Carlos, Teresinha, Sonia e Vera Aparecida, Guinoefa conta que a primeira vez que viu a Santa, sem sequer ter ouvido falar antes, foi através um sonho em que Aparecida surgiu sentada em sua cama pedindo para que ela a seguisse, e as duas deram as mãos.
As provações e o fortalecimento da fé começaram quando a caçula, Vera, nasceu com graves complicações.
Machucada no parto pela equipe médica, a bebê não chorou e os médicos não acreditavam que sobreviveria mais do que sete dias. Sem perspectiva e desesperada, Guinoefa conta ter visto a imagem de Nossa Senhora Aparecida no quarto, abençoando a criança. A partir daquele dia, entregou a sua vida e de sua filha à fé, rezando incansavelmente e, para espanto dos médicos, a filha sobreviveu. Assim, como forma de gratidão, a criança foi batizada com o nome de Vera Aparecida.
Anos depois, um novo susto: sua filha Sônia, na época com 09 anos foi atropelada no Dia de Finados. “Naquele momento de desespero, gritei por Nossa Senhora”, relembra. Ela conta que, mais uma vez, viu a santa e, milagrosamente, a filha levantou do chão ilesa, sem nenhum arranhão.
O terceiro milagre aconteceu quando a filha do meio, Teresinha, foi diagnosticada com um tumor no pescoço. A cena da filha recém-operada, sofrendo e chorando de dores, tendo recebido alta médica mesmo diante de um quadro ainda bastante crítico, foi devastadora para ela. Vendo a menina naquela situação, elas retornaram ao hospital, e aos prantos, Guinoefa clamou novamente pela padroeira e, inesperadamente, a filha melhorou, surpreendendo os próprios médicos.
Como forma de agradecimento, todas as manhãs, ela vai até o quintal e recolhe uma flor das que ela mesma plantou e leva até a imagem da padroeira, rezando e agradecendo pelas graças recebidas e por toda a família.
Os dias 12 de outubro são sagrados para a devota. Há 50 anos, desde o nascimento de Vera Aparecida, ela prepara um bolo temático, com a imagem da santa, com salgadinhos na mesa para receber filhos, netos e bisneto, e antes de qualquer celebração, a família se reúne, de mãos dadas, para rezar um Pai-Nosso e uma Ave-Maria, em como forma de agradecimento.
Para Guinoefa, o bolo simboliza a comemoração da vida, a saúde e a união à Santa que tanto fez e faz por ela e por toda a família.
“É a minha forma de agradecer por tudo que ela já fez por mim e pela minha família. Prometi que faria isso todos os anos da minha vida, e assim será até o fim”, diz, emocionada.
A cada novo encontro nesta data especial, a emoção toma conta dos familiares, por conta da idade avançada de Guinoefa. A promessa, nascida de momentos de dor e esperança, tornou-se uma tradição que une gerações e mantém viva a fé em Nossa Senhora Aparecida.
Casal dedica sala para Nossa Senhora
Na casa do casal de comerciantes Liliane e Vlamir Stabile Lopes, de Apucarana, a devoção à Nossa Senhora Aparecida ocupa toda a uma sala de estar. O espaço é inteiramente dedicado à santa, sendo usado para oração, estudo e reflexão.
Liliane recorda que tudo começou em 7 de outubro de 2000, quando participou do Cursilho. Desde então, a devoção se tornou parte central de sua vida. “De lá para cá nunca mais parei de falar e estudar sobre Nossa Senhora”, conta.
“Essa sala surgiu há dez anos. Um grupo de amigos queria um lugar para aprender sobre Maria e também rezar com Maria. Eu ofereci minha sala de visita e, aos poucos, ela foi ganhando todo o espaço para Nossa Senhora. Fui tirando o que tinha aqui e tudo foi dedicado a ela. Nesse espaço surgiu um grupo chamado Confraria de Maria, só que o espaço foi ficando pequeno, porque de cinco passou para dez, para vinte, para trinta, para quarenta pessoas”, diz. Hoje, a sala de Liliana ficou pequena para a confraria, que se reúne em outro lugar, mas a santa continua ‘habitando o espaço’.
Para Vlamir, a devoção por Nossa Senhora ganhou ainda mais força após problemas graves de saúde. Conhecido em Apucarana por seu trabalho de caridade, o comerciante sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em dezembro de 2022 e agora luta contra um câncer de intestino.
Vlamir emprestou por mais de 20 anos cadeiras de rodas, muletas, andadores para os que necessitam e, em troca, pedia apenas que rezassem 10 ave marias pela sua missão.