O Departamento de Economia Rural (Deral) projeta quebra de cerca de R$ 1,25 bilhão no faturamento da safra 2024 da soja nos municípios produtores pertencentes aos Núcleos Regionais da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) de Apucarana e Ivaiporã. A perda significativa na receita do meio rural ocorre devido a questões de clima que prejudicaram a produção e a queda do preço recebido pelo produtor.
Na região de Apucarana, a estimativa inicial do Deral era de uma produção entre 500 a 556 mil toneladas. Estimativa que caiu para 462 mil por conta dos problemas climáticos durante o ciclo inicial da soja. “Tivemos falta de chuvas e picos de calor excessivo acima de 35 graus que afetaram muito as lavouras mesmo aquelas plantadas mais cedo. Isso representa uma quebra de 13% em relação a projeção inicial”, explica o economista do Deral Paulo Franzini.
Os preços recebidos pelo produtor também estão mais baixos que o ano passado. Conforme Franzini, a saca de 90 quilos custa R$ 104 em fevereiro deste ano, queda de 35% em comparação com o preço praticado no mesmo período do ano passado, quando a saca saía por R$ 158. “Se considerar a perda na produção física (-13%) e a queda no preço recebido pelo produtor (-35%), o faturamento da soja terá quebra de quase R$ 600 milhões na área do NRE de Apucarana”, calcula o economista.
No ano passado as 530 mil toneladas de soja foram comercializadas, em média, a R$ 158 reais gerando faturamento que quase R$ 1,4 bilhão. Neste ano, a produção atual estimada em 462 mil toneladas de soja deve gerar faturamento de aproximadamente R$ 808 milhões.
Sessenta por cento da área plantada de 139 mil hectares já está colhida, mas as condições climáticas continuam atrapalhando os produtores que pretendem terminar os trabalhos até o fim de março. “Tem chovido quase todos os dias e isso tem atrapalhado a evolução dos trabalhos, mas a qualidade da safra é boa”, assinala Franzini.
IVAIPORÃ
A safra de soja também é motivo de preocupação na área da Seab de Ivaiporã, composta por 15 municípios, onde quebra estimada pode chegar a 25% na produção.
“A situação é preocupante”, afirma o produtor rural e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ivaiporã, Donizete Pires. “Os produtores estão tendo que lidar com perdas significativas, o que impacta diretamente na renda e na economia dos municípios de toda nossa região”.
Segundo o agrônomo do Deral de Ivaiporã, Sergio Carlos Empinotti, a estiagem durante a fase reprodutiva da soja e a temperatura extremamente alta prejudicaram a formação das vagens e a granação dos grãos. Já o excesso de chuvas no início do plantio causou o deslocamento da terra, sementes e adubo, resultando em prejuízos para os produtores que tiveram que replantar o grão.
“Tivemos um período muito anormal desde o início do plantio. Temperaturas muito altas, até 38 graus, e muitas mudanças no clima, um dia muito quente no outro dia 19 graus. Um período muito estranho que nunca tinha visto antes”, relatou Empinotti.
No momento, 30% da área plantada de 180 mil hectares já foi colhida.
Ainda segundo o engenheiro agrônomo, áreas menos preparadas, com solo de qualidade inferior, estão tendo rendimento baixíssimo, colhendo de 40 a 50 sacas por alqueire. As lavouras que tradicionalmente têm bom controle de matéria orgânica e costumavam colher 180 sacas agora estão colhendo 150 sacas.
Paraná estima quebra de 17% na safra de verão
Com o avanço da colheita, o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), atualizou os dados sobre as perdas na safra paranaense de verão 2023/2024 em decorrência do clima. Segundo a Previsão Subjetiva de Safra (PSS) divulgada ontem, o Estado deve colher 21,12 milhões de toneladas de grãos em uma área de 6,2 milhões de hectares. No relatório de janeiro, estimava-se um volume de 22,1 milhões de toneladas.
A expectativa divulgada pelos técnicos corresponde a uma redução de 17% com relação às 25,5 milhões de toneladas esperadas no começo do ciclo e, se confirmada, representa um volume 21% menor comparativamente ao colhido na safra de verão 2022/2023, de 26,67 milhões de toneladas. Para a soja, estima-se uma produção de 18,23 milhões de toneladas, 16,4% menor do que a estimativa inicial, de 21,8 milhões.