Há nove meses, uma das árvores mais famosas da área urbana de Apucarana caiu danificando uma série de carros estacionados na lateral do Cemitério Cristo Rei. A falsa-seringueira que passou pelo menos seis décadas no local virou notícia e saiu de cena, mas não encerrou sua história. Hoje o tronco da árvore é acompanhado pelo casal Josilene Bertolin Irmer e Valdecir Irmer Jr. Os dois fizeram uma verdadeira operação de guerra para transplantar a árvore para a propriedade rural da família na esperança que a gigante sobrevivesse à queda.
E quase um ano após ser replantada, a árvore tem retribuído o cuidado - que inclui um sistema de irrigação especial e até câmeras de monitoramento para que os acompanhem a árvore à distância - com brotos verdes e persistentes. A árvore escapou de virar entulho e ganhou uma segunda chance graças às memórias de infância de Josilene.
“Eu cresci brincando ao redor dela. Quando soube que tinha caído, fiquei muito triste. No mesmo dia pedi para que o tronco fosse separado, porque queria replantá-la”, conta Josilene, que convenceu o marido a aderir aos custos - o casal se responsabilizou pelo transporte e toda operação de replante, estimada em cerca de R$ 18 mil - e esforços da empreitada.
Valdecir admite que achou a ideia ousada, mas não hesitou em apoiar a esposa. “Parecia um plano absurdo, mas quem é casado sabe: a gente abraça os sonhos do outro. Essa árvore também faz parte da nossa história e dos nossos filhos”, afirma.
O resgate exigiu um grande esforço. “Encontrar guindaste e caminhão com capacidade de mais de 15 toneladas em menos de 24 horas foi o maior desafio”, explica Valdecir. A falsa-seringueira chegou debilitada, com poucas raízes, e recebeu tratamento intensivo. “Criamos um sistema de irrigação com água de poço artesiano e adubação constante. Até instalamos câmeras para monitorar a recuperação”, detalha Josilene.
A escolha do local do replantio também foi especial. “Posicionamos a árvore onde podemos vê-la da sacada todos os dias. Queríamos que ela continuasse fazendo parte da nossa rotina e de quem nos visita”, diz Valdecir.
A recompensa veio rápido: os primeiros brotos surgiram em poucas semanas. “Foi emocionante ver a vida voltando. A esperança realmente floresceu”, celebra Josilene.
O casal bancou todo o processo, que teve custo elevado, mas garante que valeu a pena. “Já se pagou. O importante é que ela está viva e se recuperando”, destaca Valdecir.
Para Josilene, a falsa-seringueira é um lembrete permanente de preservação. “Plante mais, corte menos. A esperança é a última que morre, e a nossa árvore provou isso”, resume.