Aagressão a uma idosa de 83 anos, praticada por um morador em situação de rua no último sábado (22), reabriu o debate sobre essa população em Apucarana. Familiares da vítima, com apoio de moradores e profissionais que atuam na área central, iniciaram uma mobilização para cobrar do poder público e das autoridades da área de segurança pública uma reação ao problema. Eles reclamam da violência, intimidação e também de inúmeros casos de furtos, que seriam praticados por essas pessoas. O suspeito pela agressão foi preso na tarde de ontem e reconhecido pela vítima (VER BOX).
A situação do Centro Pop - que oferta atendimento à população de rua - está na pauta do grupo, que defende desde a reestruturação do serviço até a transferência da unidade para outro endereço. O assunto gera polêmica e deve ser discutido por representantes de bairros da área central, especialmente da região do Clube 28 de Janeiro, junto à Prefeitura, Câmara e Conselho Comunitário de Segurança (Conseg).
Na quinta-feira (27), haverá uma reunião na Câmara para tratar do assunto.
Filha da vítima, a médica-dermatologista Cristina Sartini Pereira reforça a importância de discutir a localização do Centro Pop, mas acrescenta que o problema é mais grave a abrangente. Ela cobra ações mais concretas para enfrentar o problema. “Moradores de rua também têm o direito constitucional de ir e vir. Só não têm o direito de roubar e agredir cidadão”, afirma a médica.
Moradora da área central, Jaqueline Negretti afirma que o Centro Pop é um “acúmulo de pessoas”. Ela defende mudanças na forma de atendimento desse público, porque entende que a mudança de endereço apenas vai “transferir o problema”.
“A gente está reivindicando melhorias não apenas para o nosso bairro, mas para a cidade inteira”, diz. Jaqueline diz que é preciso encaminhar essas pessoas para o mercado de trabalho.
Ela também reclama da falta de policiamento e cita o problema de invasão de imóveis vazios ou abandonados. “Eles estão invadindo esses locais para se drogar”, assinala.
Secretaria admite estudo para mudar Centro Pop
A secretária municipal de Assistência Social, Jossuela Pirelli, admite que existe estudo para mudança de endereço do Centro Pop. “O tema vem sendo discutido entre a equipe da assistência social e também junto à nossa gestão, mas ainda não temos uma decisão sobre esta situação”, argumenta.
Segundo ela, a prefeitura está aberta ao diálogo e à discussão com lideranças e cidadãos sobre a população em situação de rua. “De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), só em 2022 a população em situação de rua chegou a 281 mil pessoas no Brasil. Isso representa um aumento de 38% desde 2019, após a pandemia da Covid”, lembra a secretária Jossuela Pirelli.
Ela pondera que, em relação a esse mesmo quadro apresentado em outras cidades de médio e grande porte, é necessário avaliar com calma e respeito às leis e as providências adequadas. “Existem casos de polícia, nos quais as forças de segurança podem e devem agir”, admite a secretária.
Morador de rua é detido no bairro onde crime ocorreuO morador de rua que agrediu a idosa tem 26 anos, é usuário de crack e foi preso preventivamente pela Polícia Civil no final da tarde de ontem (25).
O crime aconteceu na manhã do último sábado (22), dentro da casa da vítima, na Rua Desembargador Clotário Portugal. O homem invadiu o local para roubar e foi surpreendido pela idosa que sofreu duas fraturas na face.
Os investigadores da 17ª Subdivisão Policial conseguiram identificar o suspeito através de imagens de monitoramento e o encontraram na ‘Praça do 28’, a uma quadra da casa da vítima. A idosa foi levada pela família à delegacia e reconheceu o detido como o autor da violência. Segundo a polícia, ele confessou o crime e tem vários registros criminais, inclusive pelo crime de furto. (VÍTOR FLORES)