Atravessando grave crise financeira, o Corinthians tinha a expectativa de receber cerca de R$ 66,6 milhões com a venda do meia-atacante Pedro, revelado nas categorias de base do clube, do Zenit, da Rússia, para o Al-Ittihad, da Arábia Saudita. Contudo, a transação pode ser sacramentada sem que o time paulista receba o valor. A direção vai fazer um levantamento de outros contratos firmados nas gestões anteriores para identificar casos semelhantes.
Isso porque o Corinthians vendeu ao Zenit, em agosto do ano passado, os 30% dos direitos econômicos que havia mantido após negociar o jogador com o clube russo, em 2023. À época, Pedro tinha apenas 17 anos, e a transferência foi fechada em 9 milhões de euros (R$ 46,7 milhões) por 50% dos direitos do atleta.
Agora, Pedro negocia a ida do Zenit para o Al-Ittihad, em um acordo que pode chegar a 35 milhões de euros (cerca de R$ 222 milhões). Caso a transferência seja concluída, o Corinthians receberá apenas R$ 5,5 milhões referentes aos 2,5% do mecanismo de solidariedade da Fifa, por ter sido o clube formador do atleta.
A venda dos 30% que o clube ainda detinha de Pedro não foi divulgada oficialmente pelo Corinthians, então presidido por Augusto Melo, que acabou “impichado” em agosto deste ano. Em nota enviada ao Estadão, o mandatário confirmou que o dinheiro foi utilizado para abater uma dívida com o empresário Fernando Garcia, sócio da Elenko Sports - empresa que agencia a carreira do jogador -, e outra com o próprio Zenit.
“Todos os valores foram negociados com o departamento financeiro da época e também com o aval do departamento jurídico. Como todas as negociações feitas por Augusto Melo. Seus departamentos eram unificados e nenhuma decisão passava sem a anuência de qualquer um que estivesse ali”, disse Melo.
O ex-presidente também rebateu Duílio Monteiro Alves, presidente à época da primeira negociação do atleta com o Zenit. “Nada foi escondido ou feito na surdina. O ex-presidente que precisa explicar como fez todas essas vendas obscuras de atletas das categorias de base. Por essas e outras que as contas dessa gestão precisam ser abertas para que tudo seja muito bem esclarecido.”