O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta aproveitar a crise diplomática entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Israel para se colocar como aliado do país do Oriente Médio. Nesta terça-feira ele publicou um vídeo em suas redes sociais com a legenda “Brasil, Israel, nações irmãs”.
Na montagem, feita com pedaços de uma reportagem televisiva, o repórter narra momentos da viagem de Bolsonaro a Israel em abril de 2019. As imagens mostram o então presidente ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em que os dois visitam o Muro das Lamentações, local sagrado do judaísmo e situado em Jerusalém Oriental, no setor palestino anexado por Israel.
A ocasião foi a primeira em que o líder de Israel levou um chefe de Estado para o local. O vídeo relembra que o grupo terrorista Hamas, na época, emitiu uma nota de repúdio à visita de Bolsonaro ao local, pedindo que o Brasil apoiasse o fim da ocupação israelense nos territórios palestinos. Em seguida, na montagem publicada pelo ex-presidente, o repórter diz: “Mas Bolsonaro já havia deixado claro de que lado está”.
“O que eu quero é que seja respeitada a autonomia de Israel, obviamente. Se eu fosse hoje, abrir negociações com Israel, botaria nossa embaixada onde? Seria em Jerusalém, tá certo?”, disse o presidente na entrevista concedida na época. Ele acrescentou não querer ofender ninguém, mas solicitou “que respeitem ‘a nossa’ autonomia”.
O Muro das Lamentações, localizado na parte oriental de Jerusalém, é reivindicado pelos palestinos e cercado de simbolismo. Barack Obama e Donald Trump, presidentes norte-americanos que já estiveram no local, visitaram o muro de maneira privada, por exemplo, para evitar confusão. Na época, Bolsonaro precisava do apoio da bancada evangélica para avançar sua agenda no Congresso. Portanto, a visita foi vista como estratégica nesse sentido.
Após a viagem, Bolsonaro se reuniu com o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben, que pediu para o Brasil “ficar longe” do conflito histórico com Israel. (ESTADÃO CONTEÚDO)