A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira uma operação para desarticular organização criminosa que, supostamente, seria responsável por planejar um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o pleito de 2022. O plano, que era denominado de “Punhal Verde e Amarelo”, incluía o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e ainda do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Na “Operação Contragolpe” da PF, deflagrada ontem, foram presos quatro militares do Exército ligados às Forças Especiais da corporação, os chamados “kids pretos”: o general de brigada Mario Fernandes (na reserva), o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira; e o policial federal Wladimir Matos Soares.
Um dos presos, Mário Fernandes, foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República em 2022, no governo de Jair Bolsonaro (PL). Atualmente, é assessor do deputado federal e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (PL).
De acordo com a PF, as operações de busca, apreensão e prisões ocorreram nas cidades de Goiânia e Rio de Janeiro. Em Goiânia, foram dois alvos: Rodrigo Bezerra de Azevedo, que foi preso em estabelecimento militar, e o capitão Lucas Guerellus, que foi alvo de buscas, não de prisão. Já no Rio, foram detidos Mario Fernandes, Hélio Ferreira Lima e Rafael Martins de Oliveira.
A operação foi autorizada no âmbito do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado e a sequência de atos antidemocráticos promovidos ao longo do processo eleitoral de 2022, e que culminaram nos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023.
Em operação deflagrada em fevereiro, a PF já investigava um grupo que atuou na tentativa de golpe de Estado e que monitorava o ministro Alexandre de Moraes.
Segundo a PF. “o planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um ‘gabinete institucional de gestão de crise’, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações.”
O Exército Brasileiro acompanhou o cumprimento dos mandados e em nota disse que “o Exército Brasileiro segue prestando apoio às investigações em curso, bem como aos militares envolvidos e seus familiares”.
Para aliados de Bolsonaro, prisões são “cortina de fumaça”
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usaram as redes sociais na manhã desta terça-feira, para afirmar que a Operação Contragolpe da Polícia Federal (PF), que prendeu cinco suspeitos de tentativa de golpe contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é uma “cortina de fumaça” para tentar associar uma suposta participação de Jair Bolsonaro na trama golpista.
O filho do ex-presidente e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), escreveu em seu perfil do X (antigo Twitter) que “por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime”, afirmando na sequência que é autor de um projeto de lei que criminaliza ato preparatório de crimes como esse. “Decisões judiciais sem amparo legal são repugnantes e antidemocráticas”, escreveu o senador.
Respondendo à postagem, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que “já não seguem a lei faz tempo”, sem citar nomes, e disse que a operação da PF se trata de “cortina de fumaça”. “E pior é quererem ver a montagem de cortinas de fumaça para tentar ligar isso ao nosso presidente. É repugnante”, escreveu, se referindo ao ex-presidente.
A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) compartilhou a publicação de Flávio, mencionando um “ensinamento” do “professor” Olavo de Carvalho, o guru do bolsonarismo: “Ou vocês prendem os comunistas pelos crimes que eles cometeram ou eles o prenderão pelos crimes que vocês não cometeram”.