A industrialização tem um grande poder de transformação social. Gera empregos, renda e movimenta todos os setores das localidades contempladas. Ortigueira é um exemplo nesse sentido. Com pouco mais de 25 mil habitantes e com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná, o município vive uma revolução desde 2013, quando começaram as obras de instalação de uma unidade da Klabin.
É claro que esse empreendimento é singular e completamente acima da média no Estado. Afinal, estão previstos R$ 5,8 bilhões em investimentos, um dos maiores empreendimentos do Brasil. No entanto, a transformação registrada em Ortigueira mostra o impacto positivo que a industrialização pode trazer para o interior, que acaba relegado a um segundo plano quando o assunto é a vinda de indústrias de grande porte.
A Klabin promete mudar os indicadores do município. A cidade está entre as 10 piores do Estado no IDH. De acordo com dados de 2010 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), quase 80% da população não estudou o suficiente para sequer completar o Ensino Fundamental. Destes, 23% é analfabeto. O Mapa da Violência, divulgado em 2014 pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), coloca Ortigueira como o 22º município com maior índice de homicídios do Paraná.
Ou seja, Ortigueira precisava de socorro por parte do governo do Estado e a obra da Klabin, que foi enquadrada no Programa Paraná Competitivo, do governo do Estado, representa essa possibilidade de transformação social. Novos empreendimentos e novas oportunidades sugiram no município, como mostra reportagem da Tribuna do último domingo.
O poder público precisa dar incentivos e fomentar a industrialização. É claro que uma obra como a Klabin não surge a toda hora. Esse é um caso único, mas garantir condições de instalação de cidades de médio e grande portes em cidades mais pobres do Estado garante uma transformação local que dificilmente algum programa público estadual conseguiria. Por isso, o governo precisa estimular a instalação de indústrias no interior. O Vale do Ivaí, por exemplo, é carente nesse sentido. É preciso gerar oportunidades em todo o Estado.