A greve dos professores provocou cenas lamentáveis no Paraná em 2015. A paralisação, que durou mais de 40 dias, foi marcada por atos de violência por parte da Polícia Militar (PM) durante manifesto em Curitiba, gerando forte reação popular e constrangimento às autoridades.
O embate, como não poderia deixar de ser diferente, também trouxe reflexo para os alunos. Com a paralisação, o calendário escolar ficou comprometido na maioria das escolas estaduais. No Núcleo Regional de Educação (NRE), de Apucarana, por exemplo, apenas 16 dos 61 colégios conseguiram concluir o ano letivo em 2015. Em 45 estabelecimentos de ensino, as aulas vão ser retomadas em 1º de fevereiro de 2016, após um recesso de pouco mais de um mês.
Em Apucarana, sede do NRE, apenas os colégios Antônio dos Três Reis de Oliveira, Nilo Cairo e o Manoel Ribas (Agrícola) terminaram as atividades na última terça-feira e poderão organizar o ano letivo do próximo ano sem sobressaltos. No NRE de Ivaiporã, a situação é um pouco melhor. Naquela regional de educação, 83% dos estabelecimentos de ensino conseguiram concluir as atividades ainda em 2015.
Essa mudança no calendário é a parte mais visível dos reflexos da greve. Os estudantes, principalmente do último ano do Ensino Médio, foram bastante prejudicados, pois tiveram sua preparação para os vestibulares comprometida. Muitos fizeram as provas sabendo que concluiriam as aulas apenas em 2016. É inegável que isso prejudica o rendimento, com deficiência no conteúdo e o desânimo diante de todo contexto.
É claro que a paralisação também deixou marcas profundas na autoestima dos professores. Este 2015 não será esquecido pela categoria. Foi um ano de conflitos, violência e falta de respeito. No entanto, é preciso tirar lições de tudo, até mesmo em momentos como esse. Para 2016, é fundamental que governo do Estado e a APP-Sindicato, que representa a categoria, mantenham um relacionamento franco, profissional, ético, sem revanchismo e de respeito. Isso precisa ocorrer de ambas as partes. Não há ingênuos nesse duelo. A educação do Paraná ganhará com isso. Os estudantes, que são os principais interessados, ao menos não perderão tanto.