OPINIÃO

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O valor simbólico da devolução de recursos

Tribuna do Norte

| Edição de 01 de dezembro de 2015 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Mais do que descobrir e acabar com esquemas de corrupção na Petrobras e também em outros contratos com o governo federal, a Operação Lava Jato, comandada pela Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF), está conseguindo reaver somas milionárias de recursos que foram desviados dos cofres públicos. É algo fundamental. Os cofres federais precisam ser restituídos do dinheiro surrupiado. É uma questão de honra.

Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República anunciou um acordo de delação premiada e leniência com a Andrade Gutierrez, a segunda maior empreteira do País. A Andrade Gutierrez admitiu suborno para vencer licitações em obras da Copa do Mundo e se comprometeu a pagar uma multa de R$ 1 bilhão. O valor dá uma dimensão do tamanho do rombo deixado nos cofres públicos em esquemas de propina e superfaturamento de obras públicas que vêm ocorrendo há décadas no País.

A empreiteira reconheceu fraudes não apenas nas obras da Copa do Mundo, mas também em contratos firmados com a Petrobras, construção da usina nuclear Angra 3, da usina de Belo Monte e também da Ferrovia Norte-Sul. Neste último caso, a irregularidade na licitação data de 1987, ou seja, há quase 30 anos. Isso indica que o pagamento de propinas e as fraudes em licitações fazem parte do modus operandi de negociação entre empresas de grande porte e governo federal há décadas. Enquanto isso, o País sofre com várias mazelas sociais e problemas crônicos nas áreas de saúde, segurança, infraestrutura, etc.

A multa paga pela Andrade Gutierrez, certamente, está muito aquém dos prejuízos causados ao erário público. No entanto, a devolução do dinheiro desviado da população tem um significado simbólico, de que as coisas podem, sim, mudar no País, de que chegou o fim dessa época nefasta de acordos por debaixo do pano.

A Operação Lava Jato precisa ser um divisor de águas no Brasil. É preciso desenterrar todos os casos de corrupção e torná-los públicos, mesmo que o dinheiro não volte mais na sua integralidade. No entanto, é uma maneira de mostrar de que esse tipo de falcatrua não terá mais espaço. Os envolvidos precisam ser presos, de empresários a políticos. Apenas assim o País irá dar um salto.