O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, na primeira reunião ministerial do governo, que esse será o mandato da vida dele. “Esse será o mandato da minha vida, todo mundo sabe que eu tenho obsessão para acabar com a fome, melhorar a saúde do povo. Porque eu conheço muita gente que morreu com receita médica no criado-mudo do lado da cama e não tinha 50 reais para comprar um remédio”, afirmou o presidente, no Palácio do Planalto, aos 37 integrantes da equipe de governo.
Na fala inicial, Lula defendeu a necessidade de dar um salto de qualidade na educação, na cultura e na saúde brasileiras, também como forma de agregar valor aos produtos nacionais. “O Brasil precisa dessa gente bem formada, porque não pode passar mais um século exportando minério de ferro, soja e milho. Temos que exportar conhecimento, inteligência, coisa mais sofisticada com valor agregado, para que Brasil deixe de ser país em desenvolvimento e passe a ser país desenvolvido”, disse o presidente.
Lula defendeu que parte da violência no País existe pela ausência do Estado e, por isso, o governo precisa se esforçar para ampliar a presença em todos os lugares. “Não vou ter um minuto de cansaço enquanto não conseguir resolver os problemas”, prometeu o presidente.
O petista fez o discurso entre o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), o “gerente” do novo governo. Em tom de brincadeira, Lula afirmou que, daqui a pouco, Alckmin terá “ mais poder que o presidente da República”. Além de vice-presidente, Alckmin coordenou a transição e foi nomeado ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
O presidente alertou os ministros e ministras que o governo tem pela frente uma tarefa “árdua”, mas “nobre”. “A gente vai ter que entregar este país melhor”, avisou.
Lula afirmou que não deixará nenhum dos titulares das pastas “no meio da estrada” ao longo do governo. Ele disse respeitar as indicações políticas que levaram os ministros ao governo. “Estejam certos que eu estarei apoiando cada um de vocês nos momentos bons e nos momentos ruins. Não deixarei nenhum de vocês no meio da estrada, não deixarei nenhum de vocês. Vocês foram chamados porque têm competência, vocês foram chamados porque foram indicados pelas organizações políticas que vocês pertencem, e eu respeito muito isso”, afirmou.
Mas advertiu quem fizer algo errado no governo. “Quem fizer errado, sabe que tem só um jeito, a pessoa será simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo e, se cometeu algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça”, afirmou Lula.
Presidente exige bom relacionamento com Congresso
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reuniu nesta sexta-feira seus 37 ministros de Estado, no Palácio do Planalto, em Brasília. É a primeira reunião ministerial de Lula desde que assumiu o cargo, em 1º de janeiro deste ano. Foi um encontro que começou às 10 horas da manhã e se estendeu até o meio da tarde.
Um dos pontos mais importantes da fala de Lula foi a respeito do relacionamento do governo com o Congresso. “Nós temos que saber que nós é que precisamos manter uma boa relação com o Congresso Nacional, e cada um de vocês, ministros, tem a obrigação de manter a mais harmônica relação com o Congresso Nacional”, resumiu Lula.
Segundo ele, não importa se algum ministro divirja de um deputado ou de um senador. “Quando a gente vai conversar, a gente não está propondo um casamento, a gente está propondo aprovar matéria ou fazer uma aliança momentânea em torno de algum assunto que interessa ao povo brasileiro”, apontou Lula.
“Eu quero dizer para vocês que vou fazer a mais importante relação com o Congresso Nacional que eu já fiz.”
Lula também se dirigiu aos líderes do governo no Congresso, que também participavam da reunião. “Vocês não se preocupem, porque vocês vão ter um presidente disposto a fazer tantas quantas conversas forem necessárias com as lideranças, com os partidos políticos, com o presidente Rodrigo Pacheco e com o presidente Arthur Lira. Não tem veto ideológico para conversar e não tem assunto proibido em se tratando de coisas boas para o povo brasileiro”, apontou.