Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na manhã desta quinta-feira que as suspeitas de que uma quadrilha ligada ao PCC pretendia atacar o senador Sérgio Moro (União Brasil), ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, são uma “armação” do ex-juiz federal.
“Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro. Eu vou pesquisar e saber o “porquê” da sentença. Até porque fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu a parecer pra ele”, disse Lula durante visita ao Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
A Polícia Federal (PF) abriu na manhã desta quarta-feira uma operação batizada ‘Sequaz’ contra uma quadrilha ligada ao PCC que pretendia atacar servidores públicos e autoridades, planejando assassinatos e extorsão mediante sequestro em quatro Estados e no Distrito Federal. Até o momento, nove investigados foram presos. Moro era um dos alvos da facção, segundo investigadores. Os criminosos se referiam ao ex-juiz com o codinome ‘Tóquio’.
A ordem para deflagrar a operação partiu da juíza Gabriela Hardt, que foi substituta de Moro na 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba na Operação Lava Jato. Gabriela substituiu Moro à frente dos processos da Lava Jato na capital paranaense após ele deixar a magistratura para entrar na política.
Lula questionou a decisão da juíza e disse querer saber os motivos que levaram à operação. Nas redes sociais, na manhã desta quarta, Moro comentou a atuação das forças de segurança. O senador afirmou que ele e sua família estariam entre os alvos de ‘planos de retaliação do PCC’.
À época em que Moro era ministro da Justiça, ele coordenou a transferência e isolamento de lideranças da facção para presídios federais.
SENADOR RESPONDE
O senador Sérgio Moro rebateu na tarde desta quinta-feira a afirmação do presidente Lula de que o plano para o seu assassinato seria uma “armação”. “Se acontecer algo, a responsabilidade é de Lula”, afirmou o ex-juiz federal.
A declaração foi dada durante entrevista à CNN. O senador disse também que espera “no mínimo, uma retratação” e que, até o momento, não foi procurado por membros do PT ou parlamentares da base do governo para um pedido de desculpas. “Vejo o presidente dando risada de uma família ameaçada pelo crime organizado. Essas declarações me causaram muita revolta”, disse Moro.
Durante a entrevista, Moro também comentou sobre o projeto de lei apresentado ao Senado na quarta-feira, cujo objeto é punir a elaboração de atentados contra autoridades. O senador negou que a proposta é uma tentativa de politização e reiterou que espera o “apoio expresso do Presidente da República”.
Senador eleito seria sequestrado na data do segunddo turno
Em 71 páginas, a juíza federal Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, detalhou toda a investigação da Polícia Federal a partir do relato de uma testemunha protegida, ex-integrante do PCC, que revelou audacioso plano da facção para sequestrar o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR). Segundo a magistrada, foi cogitada ação contra o parlamentar na data do segundo turno das eleições, em 30 de outubro de 2022. Nesta quarta-feira, a PF abriu a Operação Sequaz e prendeu 11 alvos.
Em meio ao planejamento da ação contra Moro, os integrantes da quadrilha também levantaram informações sobre a família do ex-juiz. Os dados eram anotados em um caderno espiral que foi apreendido.
A Polícia Federal pediu a prisão de 14 investigados. Gabriela mandou prender 11. Ela anotou que dentre os alvos há ‘integrantes do mais alto escalão do PCC’.
O principal alvo da Operação Sequaz chama-se Janeferson Aparecido Mariano, que usa os codinomes ‘Nefo’, ‘NF’ e ‘Dodge’. Ele é apontado pela PF como cabeça do núcleo do PCC encarregado da missão. Segundo os investigadores, ‘Nefo’ era ‘responsável pela organização, financiamento, planejamento e execução do sequestro’ do ex-juiz.