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Infestação do escorpião-amarelo gera alerta na saúde de Apucarana

Fernando Klein

| Edição de 05 de outubro de 2022 | Atualizado em 05 de outubro de 2022
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Oapucaranense Taylor Donizete da Silva, de 31 anos, levou um grande susto quando foi trabalhar na última sexta-feira (30). Ao colocar a calça, ele acabou picado por um escorpião-amarelo na coxa e depois no pé ao tirar a roupa, desesperado, para se livrar do bicho. Taylor, que mora na Vila Regina, acionou rapidamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi encaminhado ao Hospital da Providência, onde foi medicado e permaneceu em observação até o final do dia, sem maiores complicações.

O número de notificações e acidentes com escorpiões vem crescendo em Apucarana, colocando a Divisão de Endemias da Prefeitura em alerta. O município já prepara um trabalho de conscientização nas escolas e junto à população por conta do aumento de registros. Além do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, a Prefeitura vai incluir os animais peçonhentos – principalmente o escorpião – no material permanente de orientação e prevenção encaminhado aos estudantes da rede municipal.

Entre setembro de 2021 e setembro de 2022, a Divisão de Endemias da Autarquia Municipal de Saúde (AMS) registrou pelo menos 13 ataques de escorpiões em Apucarana, a metade envolvendo o escorpião-amarelo, o Tityus Serrulatus. A espécie é descrita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) como a mais venenosa da América do Sul, causadora de acidentes graves.

No caso de crianças, as picadas podem causar até a morte. Segundo dados do Ministério da Saúde, os óbitos por envenenamento de escorpião vêm crescendo no Brasil. Nos últimos três anos, o aumento foi de 76%. 

Mauro de Aguiar Almeida, coordenador da Divisão de Endemias de Apucarana, explica que o escorpião-amarelo não é nativo do município, ao contrário do escorpião-preto (Tityus bahiensis), que tem veneno menos danoso. Segundo ele, a suspeita é de que a espécie tenha chegado ao município em caminhões, provavelmente carregados com material de construção, e também escondidos nos trens que passam diariamente pela área urbana.

Segundo Mauro, a Vila Regina e o Parque Bela Vista são as regiões com maior infestação de escorpiões-amarelos em Apucarana. “Por conta da localização desses bairros, a gente acredita que esses animais peçonhentos podem estar vindo também com os trens”, explica. A espécie já foi localizada ainda na Barra Funda.

O coordenador da Divisão de Endemias afirma que o problema começou a ser registrado em Apucarana há dois anos, mas que o número de notificações vem aumentando mais recentemente. Apenas neste ano pelo menos 20 chamados feitos por moradores foram realizados por conta de escorpiões, metade, ao menos, da espécie Tityus Serrulatus.

“Como as pessoas já conhecem o escorpião-preto, que causa mais dor local, sem muitos riscos, os moradores acabam muitas vezes  não chamando a Divisão de Endemias. Quando o caso envolve o  escorpião-amarelo, aí é diferente, porque o susto é bem maior”, afirma. 

Taylor Donizete da Silva, que foi picado na última sexta-feira, já voltou a trabalhar. Ele mora sozinho e, por precaução, passou o final de semana na casa da irmã. Ele conseguiu capturar o escorpião após o acidente.