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Amar alguém é dizer-lhe: Tu não morrerás jamais!

Da Redação

| Edição de 14 de dezembro de 2023 | Atualizado em 14 de dezembro de 2023

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Eu sempre escrevo sobre como minha vida mudou quando me tornei pai, acho que não é segredo para ninguém que é assim que me realizo, que me completo e finalmente me entendi neste mundo tão louco. O sabor da comida, o cheiro das coisas, o toque e o peso, tudo muda completamente quando você segura pela primeira vez aquela coisinha pela qual você mataria e morreria. Entretanto, o amor não tem a ver com morrer por alguém, mas escolher viver em meio a tanta dor e sofrimento que este mundo ainda nos proporciona. Um dia, esse planeta será de regeneração, mas ainda vivemos nas provas e expiações. 

Há dois dias, uma amiga e um amigo, que assim considero não só pela proximidade, mas pelo fato de terem me permitido ver o mundo através de suas lentes, perderam um filho e não consigo imaginar o tamanho dessa dor, mas posso e devo me solidarizar por eles. Na contramão das leis da natureza, onde os filhos enterram os pais, o acaso parece ter quebrado a lógica do mundo. Se buscarmos respostas enlouqueceremos pouco a pouco, pois quiçá ela exista, está longe demais de nossa pequenez. 

Mas acreditar em Deus e em sua misericórdia nos permite pelo menos acreditar que nada é por acaso, que ainda que não entendamos aqui e agora, tudo é em Seu nome. Quando soube da passagem do querido Jean, lembrei de uma frase do filme “Minha mãe é uma peça”, que diz mais ou menos assim: “quando uma mãe perde um filho, todas as mães do mundo perdem também um pouquinho”. Isso vale também para os pais, pode ter certeza. 

A cena do filme é seguida por imagens da vida do jovem menino, o que faz pensar que o luto também é sobre celebrar a vida. Claro que a perda abrupta é sempre dolorida, mas celebrar a vida é focar na felicidade e oportunidade de ter vivido tantos momentos felizes ao lado de quem se ama. No fim, para todos nós, eu, você caro leitor e leitora, nossos filhos, o que resta apenas é memória. Como você preferiria ser lembrado? O que você prefere lembrar? A memória é aquilo que resiste, que sobrevive, que persiste, que eterniza, que acalenta e que abraça a tristeza. Nela, nada morre, nunca morrerá. 

O amor é o que torna atual a presença daqueles que se foram, o amor sempre será mais forte do que a própria morte. A melhor forma de honrar os que se foram é manter viva a chama do amor, do toque, do peso, do cheiro e do afeto. A morte é apenas mais um detalhe, que dói e dói muito, mas é incapaz de apagar todo o amor que cresceu desde a primeira vez que os olhos se entrelaçaram. 

Nada e ninguém pode explicar em palavras aquilo que sangra no coração, mas ofereço amor e irmandade para pedir a Deus que os fortaleçam neste momento. Há um silêncio que grita fundo, uma lágrima que teima em rolar, mas lembrem-se que o amor, somente o amor pode manter vivo aqueles que não podemos mais tocar fisicamente, mas sempre em nossos corações. Que haja amor, de Deus e dos seus, de si e para o mundo que os cerca. Que haja força para lutar e continuar, para assim honrar sua memória.