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Se você apertar demais o parafuso ele acaba se soltando

Da Redação

| Edição de 24 de outubro de 2024 | Atualizado em 24 de outubro de 2024

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Pode ficar calmo, caro leitor e leitora, essa coluna não virou um espaço de ferramentas e manutenção, mas a analogia é necessária. Não importa o material em que a o parafuso será fixado, seja madeira, cimento ou ferro, se você apertar demais ele vai espanar e perder completamente a sua função. Saiba, que nesta história nós somos os parafusos e existem muitos lugares que forçamos demais para ficar e quando chega a hora, somos nós que perdemos a nossa função.

Quando somos adolescentes acreditamos que com muito esforço tudo vai se encaixar, porém, a adultice nos mostra que nem sempre vale a pena. O exemplo mais óbvio são os amores de uma vida toda que duram poucos meses e a dor eterna menos ainda. Precisamos de pessoas que nos aceitem como somos, mas na tentativa de fazer isso acontecer, acabamos mudando tudo que somos para “caber” naquele espaço e, quando percebemos, não somos mais os mesmos, perdendo até mesmo o brilho de nosso metal.

Há também os momentos que queremos ostentar lindos quadros nas paredes, sem perceber que, enquanto parafusos, seguramos tão firmes o seu peso, que pouco a pouco vamos nos afrouxando da parede. Perdemos o quadro e perdemos o nosso lugar na parede. Tentamos manter pessoas por perto que nos agradam, ao menos assim pensamos, sem se importar com o que o outro sente. Nos decepcionamos com a imagem que fizemos daqueles que amamos, porém, amamos mais a ideia do que fizemos deles, sem que a culpa de ser diferente seja realmente deles, afinal, é só em nossa mente que eles existem.

Fazer um curso universitário para a profissão de uma vida toda? Como isso tem matado sonhos de nossos jovens, pois na ânsia de descobrirem quem serão, esquecem de ser quem são aqui e agora. Tantas comidas que eu não sabia que gostava e hoje amo, ocupam o lugar das que amei tanto que enjoei, quem dirá do que fui, sou e serei. A gente se ocupa demais com o que não existe e deixa de ver o que está ao lado, embaixo dos próprios pés. É como um viajante que sobe na árvore mais alta a procura de uma sombra, sem olhar para baixo, procura no horizonte o seu objetivo.

Tem um ditado que diz: “que a morte quando vier te encontre vivo”, e isso é tão forte, pois estamos esperando demais a oportunidade de sermos ou termos “alguém” para então ser felizes e vivermos a vida que, no fim, talvez não haja ninguém no mundo que mereça realmente tal vida e felicidade. Por medo da falta de dinheiro e o que isso traz, enfiamos o pé cada vez mais fundo na cova abaixo da cadeira do escritório de onde sonhamos estar quando ainda não conhecíamos o mundo fora do travesseiro. Felizes são os que empurram a cadeira com o corpo, levantam, abrem a porta e procuram pelo que deixaram cair pelo caminho.

Assim como relacionamentos e parafusos nas paredes, se forçar demais no emprego dos sonhos de outra pessoa, uma hora espana, e você perde sua função, seu brilho e quem sabe, seja trocado por uma fita 3M dupla face. Quisera eu ser uma fita dupla face, que mesmo em pedacinhos, pode ao menos dizer que fez muita coisa por aí, até achar o seu lugar. E no fim, depois de se desenrolar inteira, sobra apenas um anel de papelão duro, que nas mãos da criança certa, pode virar um ótimo brinquedo. Parafusos serão sempre parafusos.