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Ser mãe e profissional: a dura realidade das mães de crianças atípicas

Da Redação

| Edição de 22 de agosto de 2024 | Atualizado em 22 de agosto de 2024

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A jornada de ser mãe já é, por si só, um desafio extraordinário. É uma mistura de amor incondicional, preocupações constantes e uma carga mental que, muitas vezes, parece não ter fim. Mas para as mães de crianças atípicas, essa equação se torna ainda mais complexa e exigente. Essas mulheres são, simultaneamente, mães, terapeutas, educadoras e profissionais, equilibrando-se em uma corda bamba entre os cuidados com seus filhos e as demandas do mundo do trabalho.

Ser mãe de uma criança atípica significa estar sempre atenta a detalhes que muitas vezes passam despercebidos para outras mães. Cada conquista, por menor que seja, é celebrada como um grande marco. Mas cada desafio é enfrentado com uma intensidade que, por vezes, esgota todas as forças. É um trabalho de dedicação integral, onde o planejamento e a rotina são essenciais, mas que podem ser desfeitos a qualquer momento por uma crise ou uma necessidade emergente.

Quando falamos das dificuldades de conciliar a vida profissional com a maternidade, as mães de crianças atípicas enfrentam um dilema ainda maior. O mercado de trabalho não está preparado para compreender as particularidades dessas mulheres. A flexibilidade que elas precisam muitas vezes não é oferecida, e a pressão por desempenho e produtividade pode se tornar insustentável. Para muitas, essa realidade leva a escolhas dolorosas: abrir mão de uma carreira ou de uma promoção para garantir o bem-estar do filho, ou enfrentar a culpa de não estar presente o suficiente em casa.

Além disso, o apoio emocional para essas mães é essencial, mas raramente encontrado. A sociedade, de modo geral, ainda vê a maternidade como uma obrigação natural da mulher, sem considerar as nuances que existem quando essa mãe tem que lidar com questões de saúde, desenvolvimento ou educação diferenciada. É comum que essas mulheres se sintam isoladas, carregando sozinhas o peso de suas responsabilidades, sem ter com quem dividir suas angústias e preocupações.

É preciso que as empresas e a sociedade como um todo se conscientizem e criem ambientes mais inclusivos, que respeitem e valorizem as necessidades dessas mães. Oferecer horários flexíveis, permitir o home office, ou simplesmente estar aberto a dialogar sobre as particularidades de cada situação, pode fazer toda a diferença. Também é fundamental que essas mães encontrem redes de apoio, onde possam compartilhar suas experiências, trocar informações e, principalmente, sentir que não estão sozinhas nessa jornada.

A maternidade é, sem dúvida, uma das experiências mais transformadoras na vida de uma mulher. E para aquelas que têm filhos atípicos, essa transformação é ainda mais profunda. Elas são as verdadeiras guerreiras do dia a dia, que lutam com todas as suas forças para garantir o melhor para seus filhos, enquanto tentam se manter ativas no mercado de trabalho. Que possamos, como sociedade, enxergar e valorizar a força e a resiliência dessas mulheres, e trabalhar para que elas possam ser, ao mesmo tempo, mães presentes e profissionais realizadas.

E para que saiba, caro leitor e leitora, aqui quem escreve, é uma mãe de três filhos (sendo um menino autista), uma professora de artes que busca sempre se renovar, uma mentora de inteligência emocional em constante evolução e uma colunista experimental, mas principalmente alguém que tem errado muito por tentar ser alguém que eu possa me orgulhar. E vou dizer, estou cada dia mais satisfeita.