CIDADES

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A vida fora das redes sociais

Fernanda Neme

| Edição de 10 de janeiro de 2016 | Atualizado em 02 de dezembro de 2016

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A pergunta que não quer calar é: existe vida fora da internet? Sim. Mesmo com a popularização da tecnologia e das redes sociais, algumas pessoas ainda preferem deixar a vida online de lado. E para quem não passa muito tempo longe do smartphone, aprender a controlar a utilização das ferramentas pode abrir novas perspectivas na vida.

A pedagoga apucaranense Adriana Zanghelini Storm, 44 anos, por exemplo, é adepta do uso moderado das redes sociais. “Não gosto de ficar conectada sempre, por que acabo perdendo as coisas que acontecem em nossa volta. Sinto falta da conversa olho no olho”, conta.

Imagem ilustrativa da imagem A vida fora das redes sociais

Adriana mora em Joinville (SC) com a família há alguns anos e utiliza o Facebook para conversar com familiares e amigos. Além disso, a pedagoga não adiciona todo mundo que manda solicitação. “Quando vejo que estou navegando demais na internet já dou uma pausa vou pintar minhas caixinhas de madeira”, garante.

Mãe de Vitor Henrique 16 anos e Ana Beatriz, 13, ela admite que se diferente dos filhos, que tem longas listas de amigos nas redes sociais. No entanto, ela acredita ter sorte, já que o menino prefere ler e a menina ajudar a mãe nos artesanatos. “É tudo bem controlado”, diz.

A apucaranense Camila Massuda, 30 anos, foi mais radical. Ela não tem Facebook, Instagram, muito menos internet em casa. Isso mesmo. Ela optou por não instalar a rede. “Não sinto falta de nada disso. Prefiro viver o real”, defende.

Há um ano, por insistência de um primo que mora em Curitiba, Camila teve que se render ao WhatsApp. “Ele pediu para que eu instalasse no meu celular para conversar com ele que está longe. Além disso, aproveito para conversar com outros familiares e amigas”, explica.

No entanto, a apucaranense já ficou mais de uma semana sem abrir o aplicativo de conversa instantânea. “Chego em casa tarde e cansada. Gosto de assistir TV e dormir. Prefiro minha vida offline”, sublinha.

Da geração que não vive fora da rede, a estudante Karollayne Assis, 17 anos, de Arapongas, nada contra a maré. A jovem optou por utilizar apenas o WhatsApp para conversar com a família e amigas. “Não tem como ficar totalmente offline e se isolar do mundo”, defende.

No entanto, apesar da pouca idade, acredita que o Facebook e o Instagram são redes sociais que expõem demais as pessoas. “Uso a internet para outros fins como pesquisas e estudos. Mesmo assim, me controlo bastante”, reforça.

PESQUISA

Uma pesquisa divulgada no mês passado pela Erickson aponta que o Brasil é um dos três países do mundo com a maior proporção de usuários mais conectados, com 28% da população sendo considerada de frequentadores assíduos da internet, perdendo apenas para o Chile (32%) e para a Coreia do Sul (29%).

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Controle é fundamental, afirma especialista

Com a popularização da tecnologia e redes sociais a vida online tem tido mais dedicação do que o tempo destinado à vida real. Sinal que tecnologia demais é nociva, especialistas apontam o uso excessivo da internet pode causar danos à saúde e até crise de abstinência.

Quem explica é a psicóloga Rayssa Nogueira, de Apucarana. A profissional relata que a dependência psicológica se refere ao desejo irresistível de fazer uso da internet, ou seja, a pessoa não tem a capacidade de controlar seu uso, há alteração do humor ao estar desconectado, a internet se torna a atividade mais importante na sua vida e domina seus pensamentos. “Ela acredita que nada é possível sem a internet”, reforça.

A dependência, conforme Rayssa, pode causar também insônia, irritabilidade, ansiedade, cansaço físico e mental e problemas na visão, todos sintomas que podem ser gerados quando em constante conectividade. “Há conflito nas relações que rodeiam o usuário, geralmente há discussão sobre o tempo gasto na internet, falta de diálogo e levando ao isolamento. O sentimento de culpa também pode surgir por dispensar a companhia da família e de amigos”, explica.

Geralmente, de acordo com a psicóloga, ao estar online de forma abusiva o indivíduo para de se preocupar com a alimentação, coloca em risco relacionamentos offline, podendo descuidar de si mesmo e de seus dependentes (como crianças), tendo também prejuízos em seu rendimento escolar e no trabalho.

Rayssa também dá uma dica para aquelas pessoas que, mesmo em um restaurante e em grupos de amigos, não param de olhar o celular. “É necessária a relação olho no olho e aproveitar oportunidades que são encontradas em seu cotidiano e que não serão encontradas virtualmente”, ressalta. “Ao invés de viver em função da internet deve-se aproveitá-la como ferramenta de auxílio, pois, quando utilizada de forma responsável tem seus pontos positivos”, complementa.

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