CIDADES

min de leitura - #

Apesar de acordo, bloqueios continuam

Renan Vallim

| Edição de 29 de maio de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

Apesar do governo estadual ter afirmado que o transporte de combustível foi liberado em todo o Paraná e o governo federal ter fechado um acordo para reduzir o preço do diesel, os caminhoneiros da região afirmam que o produto continuará a ser liberado apenas para equipes de segurança e serviços de emergência, como polícias e ambulâncias. Por outro lado, os efeitos da greve se intensificam, com a Viação Apucarana Ltda. (VAL) reduzindo em um dia a expectativa de manter o transporte público. Com isso, hoje pode ser o último dia com o serviço no município. Houve manifestações de apoio aos caminhoneiros no centro da cidade, com lojas fechando as portas durante a tarde. 

Imagem ilustrativa da imagem Apesar de acordo, bloqueios continuam

De acordo com o caminhoneiro André Gustavo Pereira, um dos coordenadores da manifestação na região, não houve acordo entre os grevistas e o governo. “Há muito boato. Muita coisa tem sido falada e não é verdade. O combustível tem sido liberado apenas para veículos oficiais, como polícias, bombeiros e ambulâncias”, afirma.
Segundo ele, caminhões com produtos perecíveis e cargas especiais, como ração para aviários, também têm sido liberados. “Vamos continuar com as manifestações. O governo tem discutido o diesel, mas não fala nada da gasolina. Eles ainda não entenderam que esta não é uma manifestação apenas dos caminhoneiros. Ela virou uma mobilização de todo o povo”, destaca.
Mauri da Silva é caminhoneiro há oito anos. Ele é de Curitiba, mas está parado na manifestação de Califórnia. “Ficar longe de casa é ruim, mas o apoio das pessoas aqui tem sido muito bom. Agora que começamos, temos que ficar até o fim”.

MANIFESTAÇÃO
Na tarde de ontem, manifestantes saíram as ruas em apoio à greve dos caminhoneiros, em Apucarana. Acompanhados por carreata, os participantes caminharam pela Avenida Curitiba pedindo aos proprietários de estabelecimentos comerciais para que fechassem as portas. Por volta das 17 horas, um caminhão de som estacionou ao lado da Prefeitura Municipal e todos os manifestantes cantaram o hino nacional. 
O vendedor Carlos Ferreira participou do movimento. “Estamos com os caminhoneiros. Não podemos mais pagar tantos impostos para os corruptos lá me Brasília. Queremos dar um ‘basta’ nesta situação”, disse.

VAL
A VAL havia estimado que, com a redução no número de ônibus fazendo o transporte coletivo de Apucarana, o estoque de diesel duraria até amanhã. No entanto, a empresa reavaliou a estimativa. “Temos diesel para rodar até amanhã [hoje]. Enquanto isso, a empresa está buscando formas de obter diesel”, afirma Enivaldo Bertazzo, gerente da empresa.
De acordo com dados das polícias rodoviárias Federal (PRF) e Estadual (PRE), divulgados ontem, são ao todo 253 pontos de bloqueio no Estado. Na região, o quadro permaneceu inalterado ontem, com seis bloqueios em rodovias estaduais em Arapongas; Jardim Alegre, Manoel Ribas, São João do Ivaí, São Pedro do Ivaí e São João do Ivaí e Cândido de Abreu e cinco pontos nas rodovias federais: três na BR-376 (Califórnia, Mauá da Serra e Ortigueira); e dois na BR-369, em Arapongas

MegaFeira de Arapongas é cancelada
Por conta da greve dos caminhoneiros, a MegaFeira Queima de Estoque de Arapongas, que teria início a partir da quarta-feira, foi cancelada. A decisão foi tomada em reunião realizada na tarde de ontem na sede Associação Comercial e Empresarial de Arapongas (Acia), entidade organizadora do evento. 
Por conta da paralisação, os organizadores, além de enfrentarem dificuldades para montar os estandes no Expoara, temiam a redução do público. A estimativa de público deste ano para feira, que encerraria domingo, era de receber mais de 70 mil visitantes, muitos de outras cidades. Na edição passada, perto 25 mil visitantes eram de outras cidades.
Segundo os organizadores, uma data alternativa foi escolhida, contudo, será anunciada após avaliação dos desdobramentos da paralisação. “O que podemos garantir é que as promoções serão incríveis e a feira vai oferecer a qualidade de sempre”, comenta Evelyse Segura, presidente da Acia. 

Acordo pode aumentar impostos
O governo poderá recorrer a aumento de impostos para compensar a redução da tributação no diesel até o fim do ano. Da redução de impostos de R$ 0,46 prometida pelo governo, R$ 0,16 virão do corte a zero da Cide e R$ 0,11 da diminuição do PIS/Cofins.
O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou que essa parcela da redução, vinculada aos tributos federais, será parcialmente compensada pela reoneração da folha de pagamentos.
Mas já é evidente para o governo que o valor "não cobre a conta". Pelo projeto atualmente em tramitação no Senado, a reoneração geraria ganhos de R$ 3 bilhões em 12 meses.
Além do aumento de impostos, o governo poderá recorrer à eliminação de benefícios fiscais em vigor.
A maior parte desses incentivos, porém, é vinculada a leis aprovadas no Congresso Nacional e sua retirada é complexa. O ministro disse que essas medidas adicionais serão anunciadas após o desenho final da reoneração, aprovado no Congresso.
"As medidas que estamos colocando pode ser majoração de impostos, a eliminação de benefícios hoje existentes, através de lei ou decreto, que gerem recursos necessários para a compensação", disse o ministro.