Periodicamente, o Canil Municipal de Apucarana recebe a visita de comitivas de municípios que desejam implantar iniciativa semelhante. O espaço, localizado na Rua Cristiano Kusmaull já recebeu equipes técnicas de Cambé, Arapongas, Mandaguari, Jandaia do Sul e Cruzmaltina. Além de conhecer a estrutura, as comitivas recebem orientações quanto as parcerias firmadas, castração, recolhimento dos animais e atuação de voluntários.

Nesta semana, o modelo de gestão do canil foi conhecido pelo prefeito de Iretama, Wilson Bratac, que esteve acompanhado de assessores e por representantes de uma ONG que faz a proteção de animais naquele município. Quando solicitada, a equipe de Apucarana também participa de audiências públicas nos municípios, como ocorreu no ano passado em Cambé.
De acordo com o prefeito em exercício de Apucarana, Junior da Femac, o canil é referência no Estado e recomendado por diversas instituições, como o Conselho Regional de Medicina Veterinária. “Os municípios da região estão na área de abrangência do conselho sediado em Londrina, que é o órgão fiscalizador, já conhece o trabalho do Canil de Apucarana e por isso recomenda uma visita para verificar a estrutura e as ações desenvolvidas”, frisa Junior da Femac.
Junior da Femac lembra que o Canil de Apucarana foi criado há mais de 20 anos, em 1997, mas somente a partir da gestão Beto Preto recebeu investimentos que representaram um marco, tanto na melhoria das condições das instalações físicas, como na qualidade do atendimento dispensado a cães e gatos.
Após descumprimento do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado em 2011 pela prefeitura – na gestão anterior à atual – com o Ministério Público Estadual, o prefeito Beto Preto assumiu o compromisso de construir um centro cirúrgico e reformar a sede do Recanto São Francisco de Assis (canil municipal). “Em março de 2016, as exigências do TAC foram cumpridas. Naquela data foi inaugurado o centro cirúrgico do canil destinado à castração de animais, bem com a reforma completa da sede do canil, em área de 150 metros quadrados”, recorda Junior da Femac.
Atualmente, o espaço conta com 160 cães e 80 gatos. Conforme Luan Rafael da Silva Santos, coordenador do canil de Apucarana, o modelo de gestão do espaço é baseado na participação conjunta entre poder público e comunidade, através da parceria entre a Prefeitura e uma organização da sociedade sem fins lucrativos.
“A manutenção do espaço ocorre mediante uma parceria entre o Município e a Sociedade Protetora dos Animais de Apucarana (Soprap). O Município arca com custos como água, luz e funcionários, enquanto a Soprap entra com os medicamentos e procedimentos veterinários”, explica.
Comunidade ajuda na causa
Outro diferencial de Apucarana é a chamada ação locomotiva. “O objetivo é agregar mais pessoas à iniciativa, como empresários, diretores de escolas e estudantes”, cita Luan, acrescentando que essa ação resulta em trabalho voluntário e doações
“Várias empresas fazem contribuições e recebemos frequentemente a visita de estudantes. Nestas visitas, alunos de uma escola trazem detergente, de outra vêm o desinfetante e outros trazem vassoura”, exemplifica, reforçando o caráter educacional da iniciativa.
O canil também realiza diversas ações que contam com a participação da comunidade, como a “CÃOpanha do AUgasalho”. A iniciativa visa arrecadar roupinhas, cobertores, lâmpadas incandescentes e até jornais para proteger os animais do frio.
Outra atividade é a “Cãominhada” realizada a cada 90 dias. Trata-se de um dia destinado para população em geral passear com cães abrigados na área do canil e ruas do bairro.
Campanhas educativas
A segunda premissa do trabalho é a atividade de castração que ocorre diariamente no canil e a realização de campanhas de educação sanitária. “A castração por si só não resolve o problema, devido à grande quantidade de animais existentes. É necessário desenvolver também a educação ambiental e sanitária junto a crianças e adolescentes. Muitas famílias têm animais não castrados em casa e eles não procriam porque existe um cuidado, como por exemplo deixar os animais presos durante o cio”, pontua Luan Rafael da Silva Santos, estimando que em Apucarana exista um cão para cada dois habitantes, ou seja, em torno de 60 mil animais.
Outro cuidado é quanto ao recolhimento de cães, que devem ser feitos com veículos fechados e que tenham equipamentos que permitam a acomodação adequada durante o transporte. “Em Apucarana, esse serviço é realizado com uma Van e uma Kombi. São utilizados instrumentos adequados de captura, como cambão e corda, sendo que a prioridade é para animais feridos e fêmeas no cio”, observa.
O canil municipal também disponibiliza o aplicativo WhatsApp para receber denúncias. O número (43) 99626-3680 é exclusivo para comunicar maus-tratos de animais dentro do município de Apucarana. Já a equipe de funcionários é composta por um coordenador e três higienizadores e tratadores. Além disso, há o reforço de um médico veterinário e um anestesista que são cedidos pela Soprap, além da atuação de diversos voluntários.