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Câncer de próstata mata um paciente a cada 9 dias na região

Claudemir hauptmann

| Edição de 25 de novembro de 2022 | Atualizado em 25 de novembro de 2022

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Omês de novembro é azul. Mas o alerta para os homens é vermelho. No ano passado, por exemplo, o câncer de próstata matou 44 homens por dia no país, segundo dados do Ministério da Saúde. Já considerando os dados da 16ª Regional de Saúde, com sede em Apucarana, considerando os anos de 2021 e de 2022, um homem do Vale do Ivaí morre de câncer da próstata a cada nove dias.

O médico urologista do Hospital da Providência, de Apucarana, Eduardo Feniman conta que tenta ampliar as chances de mobilização falando com as famílias, principalmente esposas e filhas do paciente em potencial. “O câncer de próstata é o que possui maior índice de cura quando tem seu diagnóstico precoce. Neste mês azul leve seu pai, seu esposo, trate seus familiares com carinho, leve-os para uma consulta médica prevenindo essa doença que acomete homens do Brasil inteiro”, diz.

Feniman destaca que para a descoberta dessa neoplasia são feitos dois exames, que apontam a doença e permitem o tratamento. E o paciente, destaca, sempre deve ter voz e ser ouvido a respeito do que fazer. “Precisamos fazer o toque retal, com um médico qualificado e o PSA, que são importantes para a prevenção. A decisão de tratamento e acompanhamento é em conjunto entre médico e paciente”, explica o urologista do Providência.

Mas barreira do preconceito é importante nesse público. Um profissional da área de saúde, acima dos 60 anos, que pediu para não ser identificado, admite que, por comodismo, acaba fazendo apenas o teste laboratorial. “Tenho feito apenas o PSA e sempre manteve muito baixo. Quando fiz o clínico, pela primeira vez, o médico me disse que estava bem e era para controlar pelo PSA. Se mantivesse a taxa baixa, não era para me preocupar. Me acomodei”.

O advogado Petrônio Cardoso, de Apucarana, que completou 54 anos nesta quarta-feira (23), diz que faz acompanhamento anual desde os 45 anos. “Preconceito não combina com saúde”, discursa. Para ele, a ideia de que “homem não chora” acaba criando “uma falsa sensação de invencibilidade, de imunidade”, diz e arremata: “O que é um grande erro”. Cardoso faz anualmente exames com cardiologista, com clínico geral e com o urologista. “Cuido da minha saúde porque tenho filhos para criar, quero ter netos e quero viver mais e melhor cada dia”, justifica.

Outro que faz regularmente os exames preventivos, inclusive o de toque retal, é o prefeito de Ivaiporã, Carlos Gil. Ele conta que reserva o mês de março de cada ano para realizar todos os exames de saúde. Livre de preconceitos e consciente da importância dos cuidados, Gil deixa bem claro que também faz esse checkup anual com o urologista, quando faz os dois exames preventivos do câncer de próstata. “Faço junto com meu checkup anual”, informa.

BRASIL

O câncer de próstata é o mais incidente no homem (excluindo-se o câncer de pele não melanoma) e o segundo que mais mata, atrás do câncer de pulmão. Dados do Ministério da Saúde revelam que, de 2019 a 2021, foram mais de 47 mil óbitos em razão desse tipo de tumor.

Maior parte dos óbitos é de pacientes com mais de 60 anos 

De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade, da Divisão de Informações Epidemiológicas da Secretaria de Estado da Saúde, a Regional de Saúde de Apucarana, que atende 14 municípios, registrou 74 mortes por câncer de próstata ao longo de 2021 e nesse ano, até o dia 18 de novembro. Foram 39 mortes em 2021 e 35 nesse ano, até a última sexta-feira (18). É como se um homem morresse da doença a cada nove dias, no Vale do Ivaí.

Das 39 mortes registradas na regional em 2021, 15 delas foram em Apucarana e oito em Arapongas (ver quadro), municípios de maior número de habitantes.

Nesse ano, a Regional já registrou 35 mortes, sendo 12 delas em Apucarana, oito em Arapongas e três em Rio Bom. 

Ainda de acordo com o levantamento realizado a pedido a reportagem, praticamente a totalidade dos óbitos foram dão registrados entre homens acima dos 60 anos. De todas as 74 mortes registradas nesses dois anos, apenas dois casos, um em cada ano, foram registrados na faixa etária entre 50 e 59 anos.