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Com flexibilização, venda de máscaras cai 50% na indústria de Apucarana

Cindy Santos

| Edição de 19 de março de 2022 | Atualizado em 18 de março de 2022

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A flexibilização do uso de máscaras contra a Covid-19 no Paraná e em ao menos outros 16 estados, afetou seriamente a procura pelo equipamento de proteção individual. E com cada vez menos pessoas usando máscaras, houve uma queda de 50% nas vendas nas empresas associadas ao Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana e do Vale do Ivaí (Sivale). E como a tendência é que o equipamento deixe de ser obrigatório em todo país, com o fim da pandemia, as empresas que investiram neste nicho tentam conquistar espaço no mercado nacional, competindo com grandes produtores como a China, por exemplo. 

Em Apucarana, ao menos sete empresas investiram pesado em maquinário para fabricação de máscaras. Com a flexibilização em outros estados, as vendas caíram 50%, afirma a presidente do Sindicato das Industrias do Vestuário de Apucarana e do Vale do Ivaí (Sivale), Elizabete Ardigo. Mesmo com o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais abertos, a presidente afirma que os empresários buscam espaço no mercado para competir com grandes fabricantes de máscaras como a China, de quem o Brasil importa o produto. 

“Estamos tentando buscar novos clientes, tentando competir com o produto da China, para manter o maquinário”, comenta. 

A empresária conta que essas empresas surgiram na pandemia, mas que o objetivo dos empresários foi conquistar espaço no mercado de máscaras. Para isso, investiram em maquinário avaliado em R$ 130 mil. “Tem empresas que tem 15 máquinas, todas adquiridas durante a pandemia. Com investimento alto desse em máquinas, barracão, adaptação, certificação da Anvisa não tem como simplesmente mudar de produto. Vamos continuar trabalhando para nos manter no mercado”, assinala. 

A presidente do Sivae acredita que mesmo com a liberação, o equipamento de segurança ainda será usado por pessoas que querem continuar se protegendo. “Acredito que a máscara ainda será obrigatória em locais fechados e que tenha grande circulação de pessoas como por exemplo universidades, hospitais, farmácias. Mas a demanda vai cair sim”, comenta. 

No pico da pandemia também houve casos de empresas que buscaram a fabricação de máscaras apenas para sobreviver durante um período e quando as vendas começaram abandonaram esse tipo de produção e retornaram ao produto de origem. 

IMPACTO

Conforme informações do Sivale, a desobrigatoriedade do uso de máscaras em outros estados já impacta em uma redução de 50% nas vendas de máscaras na indústria de Apucarana, afirma Elizabete. “Até o mês passado, se as fábricas produzissem 1 milhão de unidades, eram todas vendidas. Agora caiu metade das vendas, um grande impacto. Por isso estamos em uma briga porque o Brasil consome muita máscara, então agora estamos tentando ganhar espaço competindo com máscara da China’, afirma. 

Empresas apostam em novos produtos

Quando a pandemia começou, a vendedora Ana Cristina Orácio lembra que o pânico levou as pessoas a comprarem máscaras, alavancando rapidamente as vendas. Hoje o cenário é outro, com queda de até 70% na procura na empresa que ela representa. Contudo, Ana já esperava que isso ocorresse assim que a pandemia chegasse ao fim. “Na verdade, o fim da pandemia é o que todo mundo deseja”, assinala. E como a queda na venda de máscaras já era prevista, a empresa voltou a produzir uniformes profissionais e escolares, que era o carro-chefe da empresa antes da pandemia. “Voltou tudo ao normal e as vendas estão aquecidas”, afirma. Gerente comercial de outra empresa, Priscila Soares acredita que a parcela da população que deixará de usar máscaras não afetará as vendas. Ela trabalha em uma empresa que comercializa máscaras e outros produtos para todo o Brasil. “Os hospitais jamais deixarão de usar máscaras. E mesmo antes da pandemia, as empresas já existiam. Aqui somos um dos maiores fabricantes de jalecos descartáveis cirúrgicos. A cirurgia não deixará de existir. Além disso fabricamos itens promocionais para grandes marcas. Graças a o bom Deus estamos firmes e fortes”, assinala. A gerente de vendas lembra que mesmo com o fim da obrigatoriedade as pessoas ainda poderão usar o equipamento de proteção e cita orientação da própria Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a necessidade de a população continuar se protegendo pelo menos nos próximos dois anos.