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Cooperativas da região se mostram preocupadas com mercado de insumos

DA REDAÇÃO

| Edição de 03 de março de 2022 | Atualizado em 17 de março de 2022

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As cooperativas da região estão acompanhando com atenção os desdobramentos do conflito na Ucrânia. Sem um acordo nas próximas horas, a previsão delas é que em poucos dias o mercado fique sem insumos para atender a demanda da produção agrícola, especialmente os fertilizantes. Por conta da cotação em dólar, os preços estão em alta e já ameaçam os investimentos por parte dos produtores, que não vão conseguir bancar os custos de produção. O cenário é crítico, admitem dirigentes das áreas comercial e de suprimentos de cooperativas como a Cocari, de Mandaguari, a Cooperval, de Jandaia do Sul e a Coonagro, que é basicamente uma união de cooperativas criada para fazer as transações internacionais de fertilizantes.

Cristiano Camargo, gerente de suprimentos da Cooperativa Agropecuária e Industrial (Cocari), de Mandaguari, diz que “Infelizmente, o risco de ter falta de insumos é real e séria. Já há uma nova pressão sobre os custos das novas compras pela redução da oferta global”, diz, referindo-se às crises anteriores que já afetavam o mercado de fertilizantes, como a crise comercial envolvendo a China, mais recentemente o caso da Bielorússia e agora, a guerra da Rússia na Ucrânia.
Já o gerente financeiro da Cooperval – Cooperativa Agroindustrial Vale do Ivaí Ltda (Cooperval), Luiz Guilherme Barbieri Deosti, diz que pode sim faltar fertilizantes dentro de alguns dias. “Isso (a guerra) afeta toda a cadeia produtiva de suprimentos. Especialmente lembrando que a Rússia é a principal fornecedor de adubos para o Brasil”, afirma.
Por sua vez, o diretor comercial da Coonagro – Cooperativa Nacional Agroindustrial (Coonagro), Giovanni Hildebrando Gonçalves, diz que o impacto já é muito violento para o agronegócio brasileiro. “Já não temos mais fretes de navios para a Rússia, desde segunda-feira as vendas estão suspensas e todos aguardam até amanhã (quinta-feira, 03) para saber o que pode ocorrer na sequência”, diz, referindo-se às novas rodadas de negociação sobre a guerra da Rússia.
PREÇOS DISPARAM
Cristiano, Luiz Guilherme e Giovanni lembram que os preços dos insumos agrícolas, especialmente fertilizantes e defensivos, possuem componentes dolarizados e há tempos vinham em pressão de alta, especialmente por conta da desvalorização da moeda brasileira, o que ajudou a onerar os custos de produção.
“Porém, a soja, por exemplo, teve uma valorização maior que a elevação dos insumos, o que permitiu ao produtor, até a safra 20/21, melhorar sua rentabilidade. Mas esse cenário mudou para esse ano”, avisa Cristiano Camargo. “Infelizmente ainda sofremos com o reflexo da pandemia causada pela Covid-19, que desencadeou um forte desabastecimento em toda a cadeia fabril de insumos voltados para o agronegócio, promovendo, ao mesmo tempo, a falta de produto e aumento de preços”, explica.
Camargo diz que a Cocari procura, atualmente, antecipar movimentos e amenizar o impacto aos cooperados. “Temos acesso a várias consultorias de mercado e fornecedores estratégicos que nos apoiam na melhor leitura de mercado para nos posicionarmos comercialmente. Além disso, nossa capacidade de armazenamento é um diferencial. Diante das incertezas, nós antecipamos nossas compras e solicitamos uma programação de entrega pelos fornecedores o que nos dá uma grande segurança que é repassada aos cooperados”, informa. No entanto, caso o bloqueio decorrente da guerra persista, o quadro de crise deve se agravar.