Nove presos escaparam na madrugada de ontem da cadeia pública de Jandaia do Sul. Os detentos cavaram um túnel que deu acesso a um terreno baldio, aos fundos da unidade. Segundo a Polícia Civil, o quadrante onde a passagem foi escavada é o mesmo de onde 10 presos escaparam em junho do ano passado. Até o fechamento desta edição, nenhum deles havia sido recapturado. Na cadeia de Ivaiporã, a segurança teve que ser reforçada após tentativa de fuga.
A delegada Waleska Souza Martins conta que o grupo identificou um ponto cego no ambiente monitorado por câmeras de segurança e iniciou as escavações. Durante a fuga, um dos foragidos usava uma tornozeleira eletrônica. O dispositivo foi arrancado e abandonado no local assim como os uniformes laranjas usados pelos detentos.
“Investigadores estão na rua diligenciando a casa de familiares e residências dos fugitivos, mas até o momento não temos nenhuma informação que leve a localização dos foragidos. Peço a população que colabore com qualquer informação”.
O episódio de ontem se assemelha a fuga registrada em junho do ano passado, quando 10 presos escaparam da cadeia. Na época nove foram recapturados. “Foi o mesmo modus operandi e a fuga aconteceu no mesmo quadrante. Nesta nova fuga, três presos que já tinham sido recapturados na fuga do ano passado fugiram novamente”, revela.
Trinta e dois homens estavam no quadrante onde o túnel foi escavado. Mesmo com a fuga, a cadeia continua 227% acima da capacidade. São 59 pessoas guardadas em espaço onde cabem para 18. Em tese, a cadeia projetada na década de 80 deveria abrigar presos provisoriamente. E para a polícia, a condição precária e insalubre da unidade faz com que os presos tentem sair a força. Em novembro um homem foi diagnosticado com tuberculose o que gerou alerta de um possível surto e até a possibilidade de interdição do prédio pela Vigilância Sanitária do município.
“Enquanto a cadeia estiver nessa situação, as fugas vão existir. As pessoas ficam inquietas, se sentindo abandonadas, sem psicólogos, sem assistência social e médico. É um local completamente pequeno e inadequado, sem espaço para quantidade de encarcerados. Enquanto não ocorrer melhorias ou enquanto os presos não forem transferidos ao sistema penitenciário vão ocorrer fugas frequentes”, frisa.
No ano passado, a delegada encaminhou pedido de recursos à Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp-PR), solicitando reforma geral na cadeia pública. Contudo, ainda não há previsão para encaminhamento de verba nem início das obras.
Tensão também em Ivaiporã
Outra unidade prisional que vem sendo acompanhada de perto pelas autoridades é a carceragem da 54ª Delegacia Regional de Polícia (DRP) de Ivaiporã. O clima de tensão foi reforçado por uma tentativa de fuga frustrada e o desmantelamento de um esquema de entrega de drogas aos detentos.
No último dia 30, policiais localizaram um buraco que estava sendo escavado pelos presos. “Todo final de ano é assim, os presos cavando de um lado e a polícia do outro tampando os buracos para evitar as fugas. Como isso já é comum dobramos o efetivo dos agentes”, comenta o delegado Gustavo Dante.
No último sábado (2), a polícia apreendeu quase meio quilo de maconha e seis celulares e prendeu uma mulher suspeita de liderar um esquema para passar drogas para os presos. A ‘entrega’ era realizada quando os presos recebiam atendimento médico.
As drogas e os celulares foram localizados dentro do banheiro do Pronto Atendimento Municipal (PAM), onde dois presos recebiam atendimento. “Na verdade os detentos simularam que estavam doentes”, relata Dante.
Na sala de recepção, os investigadores perceberam que uma mulher entrou no banheiro masculino e saiu. Logo depois os detentos pediram para ir ao banheiro. A mulher, Roseli Cambina, 25 anos, foi presa.
A cadeia de Ivaiporã comporta no máximo 40 presos e está com 135. “A situação é caótica e por mais que estejamos redobrando a segurança porque os presos estão falando em rebelião. Nossa carceragem é antiga e não suporta tanta gente”, comenta Dante. (Ivan Maldonado)