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Eleitor quer renovar o Congresso, mas não se lembra em quem votou

Estadão Conteúdo

| Edição de 13 de julho de 2022 | Atualizado em 13 de julho de 2022

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Oeleitor brasileiro está insatisfeito com o trabalho dos atuais deputados e senadores e quer uma alta renovação no Poder Legislativo em outubro. Esse mesmo eleitor, no entanto, não se lembra em quem votou em 2018 para o Congresso e reprova a atuação dos parlamentares. É o que mostra uma pesquisa eleitoral elaborada pela Quaest a pedido do RenovaBR: 86% dos eleitores consideram bom que ocorra uma “alta renovação” nos quadros do Parlamento nestas eleições.

A se concretizar o cenário apontado pela pesquisa, a eleição para o Congresso deste ano poderá repetir a de 2018, quando Câmara e Senado tiveram a maior renovação desde a redemocratização do País. A manifestação dos eleitores reforça a percepção de que o brasileiro não costuma dar a devida atenção ao voto proporcional, com as campanhas políticas se concentrando na escolha pelos candidatos a presidente da República e a governador do Estado.

O desprestígio manifestado em relação ao voto para o Congresso ocorre num cenário em que a Câmara e o Senado têm cada vez mais poder. As Casas assumiram controle sobre repasses de recursos federais, indicando verbas diretamente para redutos por meio do chamado orçamento secreto.

“Tem uma característica da cultura política brasileira de ser personalista. O que significa que a gente valoriza demasiadamente as pessoas, em detrimento de questões mais estruturais. Quando a gente pensa numa eleição, é muito comum lembrar o nome do prefeito, do governador e do presidente. Os chefes do Executivo acabam atraindo a atenção do eleitor. Vereadores, deputados e senadores não têm esse poder de atração. O eleitor acaba menosprezando a representação do Legislativo”, afirma o cientista político Rodrigo Prando, professor do Mackenzie.

Ainda segundo a pesquisa, a maioria dos eleitores acompanha muito pouco o trabalho do Congresso: 55% declararam não saber o que faz um deputado, ante 44% que disseram saber como atua o congressista na Câmara. E dois em cada três eleitores (66%) afirmaram não se lembrar em quem votaram para deputado em 2018. A pesquisa foi às ruas entre os dias 8 e 12 de junho. Foram ouvidas 1.544 pessoas, nas cinco regiões do Brasil. A margem de erro é de 2,5 pontos porcentuais, e o intervalo de confiança é de 95%.

Os mais jovens são os que menos parecem dar importância ao voto para o Legislativo. Só 9% se recordam como votaram para deputado, na faixa entre 16 e 30 anos (outros 58% não se lembram e 32% declaram ter votado em branco, nulo ou não ter ido votar em 2018). Nas outras duas faixas etárias, de 31 a 50 anos e de mais de 50 anos, 17% se lembram em quem votaram para deputado em 2018. Dos eleitores que estudaram até o ensino fundamental, 72% não se recordam de sua escolha. As mulheres se lembram menos (72%) do que os homens (59%).